União de forças para escoar a produção do agronegócio

Manutenção de rodo­vi­as, mais fer­ro­vi­as, novas con­ces­sões nos cor­re­do­res logís­ti­cos e aumen­to do cala­do na bar­ra nor­te do Rio Amazonas. No últi­mo dia do Norte Export, em Macapá (AP), esses foram os prin­ci­pais desa­fi­os apon­ta­dos para aumen­tar o esco­a­men­to da pro­du­ção do agro­ne­gó­cio pelo cha­ma­do Arco Norte, além da neces­si­da­de de mais ter­mi­nais, des­ta­ca­da no pri­mei­ro dia do even­to. A edi­ção regi­o­nal do Fórum Nacional de Logística e Infraestrutura Portuária (Brasil Export) con­tou com o apoio da Praticagem do Brasil.

Segundo o coor­de­na­dor do Comitê Orientador do Norte Export e pre­si­den­te do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), Ricardo Falcão, prá­ti­co na Amazônia há mais de 20 anos, é pre­ci­so união de esfor­ços para enfren­tar gar­ga­los que mui­tas vezes o poder públi­co não está pron­to para supe­rar na velo­ci­da­de necessária:

– Temos que tra­ba­lhar jun­tos por­que os pro­ble­mas são inte­gra­dos e refle­tem em toda a região. Se ocor­re um pro­ble­ma na bar­ra nor­te, por exem­plo, todos os ter­mi­nais ao lon­go do rio vão ser afetados. 

Falcão citou a ini­ci­a­ti­va da pra­ti­ca­gem, que assu­miu o levan­ta­men­to das pro­fun­di­da­des dos rios da Amazônia e das marés na bar­ra nor­te, pos­si­bi­li­tan­do a pas­sa­gem de navi­os mais carregados:

– Isso não é bara­to, ain­da mais no nível de pron­ti­dão que nós (da pra­ti­ca­gem) temos. Esse con­tro­le para ganhar cada cen­tí­me­tro de cala­do é lucro na veia para ter­mi­nais e arma­do­res. Um metro a mais sig­ni­fi­ca cem tone­la­das extras embar­ca­das. Estamos falan­do de um adi­ci­o­nal de R$ 26 milhões em soja por embarcação. 

Em rela­ção ao cala­do máxi­mo auto­ri­za­do na bar­ra nor­te, o dire­tor de Relações Institucionais da Amaggi, Ricardo Tomczyk, dis­se que o ide­al seria che­gar a 12,50 metros – atu­al­men­te, está em 11,90 metros em fase de tes­tes. Falcão res­pon­deu que é pos­sí­vel até alcan­çar 13 metros duas vezes por mês, nas marés de sizí­gia, por­que a pra­ti­ca­gem ins­ta­lou maré­gra­fos na região.

O dire­tor exe­cu­ti­vo do Movimento Pró- Logística de Mato Grosso e pre­si­den­te do Conselho do Centro-Oeste Export, Edeon Ferreira, apre­sen­tou um pano­ra­ma dos pro­ble­mas nos prin­ci­pais cor­re­do­res logís­ti­cos do Arco Norte e suge­riu que sejam rea­li­za­das con­ces­sões de todo o per­cur­so de esco­a­men­to, não seg­men­ta­das por modais de transporte. 

O dire­tor do Departamento de Navegação e Hidrovias do Ministério da Infraestrutura, Dino Batista, dis­se que o gover­no ava­lia com cau­te­la a pos­si­bi­li­da­de de “con­ces­sões casadas”:

– Existem pon­tos posi­ti­vos e nega­ti­vos em uma asso­ci­a­ção des­sas. São ati­vos mui­to dife­ren­tes, nor­mal­men­te geri­dos por empre­sas com per­fis mui­to dis­tin­tos. Temos que ter cui­da­do ao estru­tu­rar uma con­ces­são para não tra­zer dese­co­no­mi­as de escopo.

O dire­tor-pre­si­den­te da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), Cesar Meireles, e con­se­lhei­ro naci­o­nal do Brasil Export, res­sal­tou a impor­tân­cia de o Amapá se ver inte­gra­do com os demais esta­dos e citou exem­plos de inte­gra­ções logís­ti­cas de suces­so, prin­ci­pal­men­te a da pla­ta­for­ma de Zaragoza, na Espanha:

– Logística é inte­gra­ção de fato­res. Não se faz logís­ti­ca de for­ma fragmentada. 

Tanto Cesar quan­to Edeon afir­ma­ram que a cida­de de Macapá, pró­xi­ma do Porto de Santana e da área de dois ter­mi­nais pre­vis­tos, tem poten­ci­al para se tor­nar um hub portuário.

No fim da tar­de, o sena­dor suplen­te Josiel Alcolumbre pres­ti­gi­ou o even­to. O segun­do dia do Norte Export reu­niu ain­da, de for­ma remo­ta, os gover­na­do­res do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, entre eles o gover­na­dor do Amapá, Waldez Góes, que tam­bém este­ve pre­sen­te encer­ran­do a pro­gra­ma­ção. O pre­si­den­te do BNDES, Gustavo Montezano, foi outro que fez ques­tão de par­ti­ci­par da dis­cus­são, mes­mo à distância. 

Ao final, Ricardo Falcão leu uma car­ta con­jun­ta de com­pro­mis­sos: “O Norte Export se com­pro­me­te a cobrar do gover­no fede­ral a ela­bo­ra­ção, o desen­vol­vi­men­to e o cum­pri­men­to de polí­ti­cas públi­cas de Estado, não de gover­no, no sen­ti­do de aper­fei­ço­ar a logís­ti­ca e a pre­ser­va­ção das águas e do meio ambiente”.

O Norte Export, rea­li­za­do na sede do Sebrae, foi o pri­mei­ro dos even­tos regi­o­nais do Brasil Export. Os pró­xi­mos fóruns serão o Sul Export (5 e 6 de outu­bro), em Curitiba (PR), que tem o prá­ti­co João Bosco, dire­tor do Conapra, no Comitê Orientador; o Sudeste Export (19 e 20 de outu­bro), em São Paulo (SP), com Hermes Bastos Filho, da Praticagem de São Paulo, no Comitê Orientador; o Nordeste Export (26 e 27 de outu­bro), em Recife (PE); e o Centro-Oeste Export (9 e 10 de novem­bro), em Rondonópolis (MT). Os even­tos têm trans­mis­são gra­tui­ta pelo Zoom.