“Gestão do porto sempre foi um calcanhar de Aquiles”
A Praticagem do Brasil esteve presente no Sudeste Export – edição regional do Fórum Nacional de Logística e Infraestrutura Portuária (Brasil Export). Realizado na capital paulista nos dias 19 e 20 de outubro, o evento contou com o apoio tanto da praticagem nacional quanto da Praticagem de São Paulo. Para o presidente da praticagem no estado, Carlos Alberto de Souza Filho, um ponto alto da discussão foi o debate sobre a gestão do porto:
– A dragagem é um assunto recorrente entre os desafios de infraestrutura, para que possamos ter navios de maiores dimensões aproveitados plenamente em sua capacidade de carga. Mas a gestão do porto como um todo sempre foi um calcanhar de Aquiles. Durante muito tempo, os portos estiveram sob a égide de interesses políticos e, a partir de certo momento, passaram a contar com executivos mais profissionais e comprometidos com o desenvolvimento do porto, com uma visão holística, não só dos terminais públicos, mas também dos terminais privados e do canal de acesso.
O debate sobre o aperfeiçoamento da gestão dos portos passou pela questão da desestatização, discutida em um dos painéis com a presença dos representantes das Companhias Docas de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
– É natural que o poder público tenha certas travas para coibir a corrupção e o desperdício de dinheiro, mas, por outro lado, isso gera uma falta de agilidade fundamental em qualquer negócio, seja nas dragagens de manutenção e aprofundamento ou na aquisição de equipamentos necessários para o porto. A iniciativa privada tem muito mais rapidez de processos e capacidade de investimento. Ela não está submetida às regras necessárias para quem está lidando com dinheiro público. Por isso, vemos com muito bons olhos a privatização. É uma maneira de estimular o crescimento do porto com melhor aproveitamento de todas as áreas disponíveis – disse Souza Filho.
Presente em todas as edições regionais do Brasil Export, o prático João Bosco, diretor do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra) e conselheiro do Sul Export, destacou a importância da participação da praticagem nos eventos:
– A praticagem é um dos atores presentes em todos os portos e procura contribuir nas discussões mostrando que está à altura de encarar os desafios propostos em cada zona de praticagem. Ao mesmo tempo, a nossa participação reforça o interesse da praticagem em jogar junto com todo mundo, de ser um facilitador, por meio da sua expertise, para superar problemas de infraestrutura não resolvidos há anos.
Um caminho que passe pela integração e entendimento entre os representantes de todos os modais presentes no país foi ponto de interseção entre os participantes do primeiro painel, intitulado “Interconectividade logística eficiente entre os portos da região Sudeste”.
– Temos que nos desarmar para construir um ambiente mais propício para a prática da multimodalidade, desburocratizando questões que nos incomodam dos pontos de vista regulatório, tributário e fiscal – afirmou Rodrigo Vilaça, da FGV Transportes, conselheiro nacional do Brasil Export.
Também estiveram presentes no Sudeste Export: o presidente do Conapra, prático Ricardo Falcão; o prático Hermes Bastos Filho, da praticagem de SP e conselheiro do Sudeste Export; o gerente da praticagem de SP, Alexandre Canhetti; e o secretário executivo do Conapra, Arionor Souza, também conselheiro do Sudeste Export. O evento foi concluído com a leitura da carta de compromissos elaborada com base nas discussões promovidas durante o evento.
O Sudeste Export foi a terceira edição regional do Brasil Export. Os próximos fóruns regionais serão o Nordeste Export (26 e 27 de outubro), em Recife (PE), e o Centro-Oeste Export (9 e 10 de novembro), em Rondonópolis (MT). Os eventos têm transmissão online gratuita.