BR DO MAR TRAZ SEGURANÇA JURÍDICA À ATIVIDADE DE PRATICAGEM

Após ampla dis­cus­são, o Senado apro­vou o pro­je­to de lei do gover­no fede­ral de incen­ti­vo à cabo­ta­gem, bati­za­do de BR do Mar (PL 4199/2020). Foram aco­lhi­das duas emen­das do sena­dor Lucas Barreto (PSD/AP) que dão mais res­pal­do ao con­tro­le da pra­ti­ca­gem pela Marinha, evi­tan­do a judi­ci­a­li­za­ção do mode­lo de ati­vi­da­de bra­si­lei­ro, que é refe­rên­cia mun­di­al em segu­ran­ça da nave­ga­ção. O pro­je­to retor­na ago­ra para apre­ci­a­ção da Câmara dos Deputados.

Uma das emen­das inse­re na Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário (Lei 9537/1997) cri­té­ri­os téc­ni­cos de segu­ran­ça hoje res­tri­tos às Normas da Autoridade Marítima para o Serviço de Praticagem (NORMAM-12/DPC), con­fe­rin­do, por­tan­to, um sta­tus legal a uma regu­la­men­ta­ção infra­le­gal da Marinha.

A emen­da esta­be­le­ce a obri­ga­to­ri­e­da­de do ser­vi­ço de pra­ti­ca­gem para embar­ca­ções a par­tir de 500 tone­la­das de por­te, mas que a Autoridade Marítima pode­rá con­ce­der cer­ti­fi­ca­do de isen­ção de pra­ti­ca­gem a coman­dan­tes bra­si­lei­ros de navi­os de ban­dei­ra bra­si­lei­ra de até cem metros de com­pri­men­to; parâ­me­tro ado­ta­do inter­na­ci­o­nal­men­te. Atualmente, a Marinha con­ce­de isen­ções de pra­ti­ca­gem para embar­ca­ções de até cin­co mil tone­la­das de porte.

Essa emen­da inse­re ain­da na lei a esca­la de rodí­zio úni­ca de tra­ba­lho, pre­sen­te na NORMAM-12 e que impe­de a con­tra­ta­ção dire­ta de prá­ti­co, obri­gan­do o dono do navio a usar o ser­vi­ço do pro­fis­si­o­nal da vez na esca­la. O sis­te­ma tam­bém é con­sa­gra­do mun­di­al­men­te por garan­tir auto­no­mia para a toma­da de deci­são do prá­ti­co, sem pres­sões comer­ci­ais do dono da embar­ca­ção. Ao mes­mo tem­po, a esca­la asse­gu­ra que o prá­ti­co não vai tra­ba­lhar demais, a pon­to de ficar fadi­ga­do, nem de menos, poden­do per­der expe­ri­ên­cia e com­pro­me­ter a segu­ran­ça da navegação.

A emen­da tam­bém dei­xa mais cla­ro na lei quan­do a Marinha pode fixar o pre­ço do ser­vi­ço: em cará­ter tem­po­rá­rio, por até 12 meses, para asse­gu­rar o aten­di­men­to nos casos em que não hou­ver acor­do na nego­ci­a­ção com os donos do navio, enten­di­men­to paci­fi­ca­do no Supremo Tribunal Federal (STF) após deze­nas de ações judiciais.

A outra emen­da do par­la­men­tar apro­va­da pelos sena­do­res supri­miu do pro­je­to o arti­go 11, inci­so II, que dizia que “são direi­tos das embar­ca­ções estran­gei­ras afre­ta­das a obser­vân­cia às mes­mas con­di­ções comer­ci­ais para a pres­ta­ção dos ser­vi­ços de pra­ti­ca­gem e dos ser­vi­ços de apoio por­tuá­rio”. Segundo o sena­dor, o tex­to tra­ria inse­gu­ran­ça jurí­di­ca e ris­co para a nave­ga­ção, pois have­ria mar­gem para inter­pre­ta­ção de que coman­dan­tes de navi­os estran­gei­ros pode­ri­am ser habi­li­ta­dos para dis­pen­sa de prá­ti­co, algo hoje pre­vis­to somen­te para coman­dan­tes de embar­ca­ções de ban­dei­ra bra­si­lei­ra de deter­mi­na­do por­te, ain­da assim sob cer­tas condições.

“A qua­li­da­de da pra­ti­ca­gem em nos­so país é reco­nhe­ci­da por todos os usuá­ri­os do ser­vi­ço e sua ade­qua­da pres­ta­ção é essen­ci­al para garan­tir a segu­ran­ça da nave­ga­ção e evi­tar danos ao meio ambi­en­te, mas usuá­ri­os e pres­ta­do­res (do ser­vi­ço) ain­da care­cem de segu­ran­ça jurí­di­ca e esta­bi­li­da­de regu­la­tó­ria”, jus­ti­fi­cou o sena­dor Lucas Barreto.

Para o pre­si­den­te da Praticagem do Brasil, prá­ti­co Ricardo Falcão, as emen­das con­fe­rem mais robus­tez ao BR do Mar, já que con­tri­bu­em para evi­tar a judi­ci­a­li­za­ção da atividade:

– O tex­to pres­ti­gia as nor­mas da Marinha exis­ten­tes há déca­das no nos­so país, ele­van­do o seu pata­mar legal. Além dis­so, entra em linha com a regu­la­men­ta­ção dos paí­ses com boas prá­ti­cas de segu­ran­ça da navegação.