APÓS O PORTO DE PARANAGUÁ, SANTOS RECEBE NAVIO DE 366M

Depois de esca­lar em Paranaguá (PR), atra­cou em Santos (SP) o pri­mei­ro navio de 366 metros a deman­dar os por­tos bra­si­lei­ros. Na quin­ta-fei­ra (01/02), os prá­ti­cos Gil e Pryscila rea­li­za­ram a mano­bra do por­ta-con­têi­ne­res MSC NATASHA XIII, cons­truí­do em 2011 e que nave­ga sob ban­dei­ra da Libéria. A embar­ca­ção pode trans­por­tar até 14.432 TEUs e seu cala­do era de 11,2 metros. A boca (lar­gu­ra) é de 48,20 metros.

Desde 2016, os prá­ti­cos de São Paulo esta­vam pre­pa­ra­dos para a ope­ra­ção, afir­mou o pre­si­den­te da Praticagem de São Paulo, prá­ti­co Fábio Mello Fontes: 

– A pra­ti­ca­gem se adi­an­tou aos desa­fi­os e trei­na­mos bas­tan­te. Claro que con­si­de­ra­mos essa uma ope­ra­ção espe­ci­al. O ris­co é mai­or e a mar­gem de segu­ran­ça, menor. Mas tra­ba­lha­mos com o máxi­mo de cui­da­do e profissionalismo. 

O vice-pre­si­den­te da Praticagem de SP, prá­ti­co Bruno Tavares, dis­se que, além do trei­na­men­to, foram dois anos de estu­dos para garan­tir toda a segu­ran­ça da operação:

– Nós, inclu­si­ve, con­ver­sa­mos com coman­dan­tes e prá­ti­cos que ope­ram navi­os des­sas dimen­sões. Nossos pro­fis­si­o­nais par­ti­ci­pa­ram de simu­la­ções em um cen­tro de trei­na­men­to em Covington, nos Estados Unidos, e em um simu­la­dor do Tanque de Provas Numérico da Universidade de São Paulo.

Nos Estados Unidos, os prá­ti­cos trei­na­ram em mode­los tri­pu­la­dos de navio, em lagos com rela­ção de profundidade/calado iguais aos do canal de Santos. 

– É tudo pro­por­ci­o­nal à vida real, porém, em esca­la redu­zi­da. Diferentemente do simu­la­dor vir­tu­al, você sen­te os efei­tos hidro­di­nâ­mi­cos – expli­cou Tavares.

Além de con­tar com dois prá­ti­cos a bor­do, as mano­bras nes­ses navi­os sofrem limi­ta­ções por con­ta de con­di­ções mete­o­ro­ló­gi­cas (ven­to e cor­ren­te), neces­si­tam de cons­tan­te dra­ga­gem de manu­ten­ção do canal e do geren­ci­a­men­to do trá­fe­go para evi­tar inter­fe­rên­cia com outras embar­ca­ções. A pra­ti­ca­gem usa o esto­fo da maré para con­du­zir os navi­os mai­o­res, bus­can­do mais segu­ran­ça nas operações.

Toda mano­bra é moni­to­ra­da no Centro de Coordenação, Comunicações e Operações de Tráfego (C3OT) ins­ta­la­do na sede, com sis­te­ma de moni­to­ra­men­to de trá­fe­go por AIS e equi­pa­men­tos de sen­so­ri­a­men­to remo­to das con­di­ções ambi­en­tais. O ven­to é um dos mai­o­res desa­fi­os na movi­men­ta­ção des­ses navi­os, res­sal­tou o prá­ti­co Carlos Alberto Souza Filho:

– Certa vez eu mano­bra­va um navio de 330 metros, fazen­do o giro para atra­ca­ção. Conversando com o coman­dan­te, dis­se que está­va­mos nos pre­pa­ran­do para rece­ber os navi­os de 366 metros. O coman­dan­te aler­tou para tomar­mos mui­to cui­da­do, pois não é ape­nas um navio com mais 36 metros. Esses navi­os têm área véli­ca (aci­ma da linha d’água), que é o cos­ta­do mais os con­têi­ne­res de car­ga, mui­to supe­ri­or aos mano­bra­dos em Santos. Ou seja, sofrem influên­cia do ven­to de manei­ra mais sig­ni­fi­ca­ti­va. E os navi­os de 366 metros con­tam com ape­nas 74 metros qua­dra­dos de área de leme. A capa­ci­da­de de fazer cur­va e gui­nar é mui­to menor do que a das embar­ca­ções de 330 metros.

Segundo Souza Filho, quan­do o leme é aci­o­na­do, ele atua para um lado ou para o outro, ofe­re­cen­do resistência:

– A ques­tão do tama­nho do leme é impor­tan­te, pois o Porto de Santos é mui­to sinu­o­so. Temos duas cur­vas sig­ni­fi­ca­ti­vas, uma no Ferry Boat e outra no Armazém 12, mui­to acen­tu­a­das. Justamente nes­ses casos, é neces­sá­rio usar o rebo­ca­dor no modo indi­re­to, com cabo pas­sa­do por den­tro na popa do navio. O rebo­ca­dor age como um leme extra.

Quando os prá­ti­cos fize­ram o trei­na­men­to em Covington (EUA), a Praticagem de SP enca­mi­nhou as bati­me­tri­as do canal de Santos, com as duas cur­vas e a cons­ti­tui­ção do Terminal da BTP, o mais dis­tan­te e o mais redu­zi­do. Portanto, as con­di­ções foram mui­to seme­lhan­tes às ori­gi­nais, inclu­si­ve com o uso dos rebocadores.

Antes do MSC NATASHA XIII, o Porto de Santos havia rece­bi­do embar­ca­ções de, no máxi­mo, 347 metros de com­pri­men­to, com capa­ci­da­de para cer­ca de nove mil TEUs.

– Santos é um por­to de agro­ne­gó­ci­os, rece­be navi­os car­re­ga­dos que pre­ci­sam de dra­ga­gem de manu­ten­ção. Os navi­os sem­pre serão gran­des e pesa­dos, por isso é neces­sá­rio um tra­ba­lho con­jun­to com todos os entes envol­vi­dos nas ope­ra­ções, tra­zen­do inte­li­gên­cia para apro­vei­tar melhor o nos­so por­to, den­tro das suas limi­ta­ções – con­cluiu Souza Filho.

Com infor­ma­ções da Praticagem de SP

Na foto, o coman­dan­te Lester Nixon Fernandes com os prá­ti­cos Gil e Pryscila