Ação de Prático evita desastre na baía da Guanabara
Heróis anônimos tem evitado que a imagem do Rio fique ainda pior na véspera de Olimpíada. Na manhã da última quinta-feira, às 6 horas da manhã, o navio tanque Golar Spirit, bandeira das Ilhas Marshall, carregado de gás, perdeu o leme na Baia da Guanabara (ponta de Santa Cruz). Uma tragédia ambiental sem precedentes foi evitada pela pronta ação do prático Diogo Weberszpil, especialista em manobras ariscadas. Ele tomou o comando da embarcação e conseguiu evitar que se espatifar-se de encontro às pedras da Fortaleza de Santa Cruz e explodisse. Detalhe: no início deste mês o TCU deu 90 dias para a Antaq enquadrar os navios estrangeiros.
Veja abaixo o vídeo do navio gaseiro aproximando-se da fortaleza de Santa Cruz
* Este conselho creditará ao autor do vídeo tão logo tome conhecimento. |
A um mês dos Jogos Olímpicos, a iniciativa e preparo técnico do prático Diogo Weberszpil, do Rio de Janeiro, evitou o que poderia ter sido o maior desastre ambiental marítimo no Brasil. Por volta das 6 horas da manhã desta quinta-feira (30/06), o profissional de praticagem embarcou no navio tanque Golar Spirit com a tarefa de conduzi-lo para as proximidades do terminal de Gás Natural da Petrobras (GNL).
Uma falha técnica no navio, que foi construído em 1979 e considerado muito antigo para viagens de longo curso, fez com que o leme da embarcação travasse impedindo qualquer manobra. O prático prontamente percebeu que o timoneiro não estava conseguindo governar, pois o leme estava travado do lado direito fazendo com que o navio se aproximasse rapidamente da Fortaleza de Santa Cruz.
Diogo Weberszpil, que passou por diversos treinamentos de emergência no exterior, rapidamente tomou todas as medidas para evitar a colisão iminente. O risco da manobra deste tipo de navio é tão alto que a Atalaia sempre interrompe e desvia todo o tráfego de embarcações nas proximidades da Baía. Na sequência, tomou a decisão acertada de lançar a ancora em conjunto com outras técnicaspara parar o navio.
“Felizmente consegui afastar o navio das pedras e conduzi-lo para águas seguras até que a Capitania dos Portos do Rio de Janeiro avalie quando este navio terá condições de entrar novamente no Porto”, narrou o ainda assustado Diogo Weberszpil.
Leiam abaixo a narrativa do Prático Diogo Weberszpil sobre a operação de salvamento do navio Golar Spirit:
Embarquei no navio Tanque (GNL) Golar Spirit por volta das 05:55hs desta manhã para conduzi-lo em direção ao Terminal de GNL da Petrobras. Tudo corria como de costume, com a troca de informações entre mim e o Comandante sobre a manobra e características do navio. Mas senti que havia algo estranho quando sugeri o aumento de velocidade para toda a força e comecei a solicitar que o navio guinasse para BE para prosseguir na rota planejada de acesso à Baía de Guanabara.
Após a ordem de rumo 355º ao timoneiro, o mesmo não conseguiu mais estabilizar a proa do navio no rumo indicado. Prontamente percebi que o timoneiro não estava conseguindo governar, pois o leme estava travado para Boreste fazendo com que o navio se aproximasse rapidamente da Fortaleza de Santa Cruz com 7 nós de velocidade, a cerca de 0,6 milhas (1000metros).
Devido ao constante treinamento em simuladores (felizmente participei de 5 treinamentos nos últimos anos), tomei rapidamente as medidas necessárias para evitar a colisão iminente. Ordenei troca dos sistemas de governo (sem resultado) máquina atrás com toda a força, preparei os dois ferros para largar em emergência, usando o auxílio de rebocadores e solicitei que a Atalaia interrompesse e desviasse todo o tráfego de embarcações nas proximidades da Baía. Na sequência, tomei a decisão de largar o ferro de BE com duas quarteladas mergulhadas, o que foi fundamental para que o navio aumentasse mais o giro para BE e parasse a cerca de 100 metros da Fortaleza.
Felizmente consegui fazer com que a embarcação se afastasse das pedras e a conduzi para águas seguras até que a CPRJ avalie quando esta terá condições de entrar novamente no Porto.
A manobra do prático
A referida manobra de emergência consistiu em parar o navio com “emergency full astern” e duas quarteladas do ferro de proa na água, a 100m a costa com a maré enchendo.
O prático Diogo Weberszpil do Amaral agiu prontamente, conseguindo, por meio dessas manobras, impedir o encalhe do navio, prevenir um acidente ambiental de proporções e consequências incalculáveis, além de proteger a vida da tripulação do navio.
Após retomar o controle, navegou para fora da barra em segurança.
Toda essa manobra foi acompanhada por satélite, em cujas imagens podemos ver as voltas que o navio deu até finalmente parar em segurança, pois a resposta do navio é muito lenta.
Navio gaseiro
Um navio gaseiro deste porte é capaz de transportar uma carga total de Gás Natural Liquefeito GNL de 128,998 metros cúbicos, condensado ao estado líquido numa temperatura de menos 163 graus Celsius, portanto trata-se de uma “bomba ambulante”.
Embora não haja registros de graves acidentes, a cadeia GNL apresenta grandes riscos.
Navios gaseiros representam uma fonte de risco especialmente na aproximação de terminais, não somente em relação à possibilidade de ocorrência de acidente marítimo como também por representar um potencial alvo para ações de sabotagem ou terrorismo. Por estes motivos, a análise dos riscos associados a tais operações tem sido fonte de preocupação internacional.