A PARTICIPAÇÃO DA PRATICAGEM NO SIMPÓSIO BRASILEIRO DE HIDROGRAFIA

Os prá­ti­cos Adonis dos Santos e Gustavo Martins foram deba­te­do­res do Simpósio Brasileiro de Hidrografia, even­to rea­li­za­do pela Sociedade Brasileira de Hidrografia (SBHidro), no Clube Naval (RJ), nos dias 11 e 12 de setem­bro. Eles par­ti­ci­pa­ram dos pai­néis sobre a impor­tân­cia da hidro­gra­fia para a nave­ga­ção inte­ri­or e para a nave­ga­ção marí­ti­ma, respectivamente.

Adonis é prá­ti­co na Bacia Amazônica Oriental, pre­si­den­te da Cooperativa de Apoio e Logística aos Práticos da Zona de Praticagem 1 (Unipilot) e dire­tor finan­cei­ro da Federação Nacional dos Práticos (Fenapráticos). Ele expli­cou como a pra­ti­ca­gem con­tri­bui para supe­rar os desa­fi­os hidro­grá­fi­cos em uma região onde o lei­to dos rios muda a todo momen­to, espe­ci­al­men­te no Rio Amazonas. Isso por­que o gran­de volu­me de água pro­vo­ca ero­são nas mar­gens, cau­san­do con­sequên­ci­as que alte­ram o cur­so e as pro­fun­di­da­des do canal de acesso. 

Além de cola­bo­rar na son­da­gem das pro­fun­di­da­des (bati­me­tria) dos rios, a pra­ti­ca­gem está sem­pre tro­can­do infor­ma­ções sobre mudan­ças sig­ni­fi­ca­ti­vas no canal, man­ten­do-se atu­a­li­za­da per­ma­nen­te­men­te. Afinal, dis­se Adonis, de seis a 12 navi­os entram na zona de pra­ti­ca­gem dia­ri­a­men­te com prá­ti­cos a bor­do e a tro­ca entre eles é constante:

– A pra­ti­ca­gem se pau­ta pela hidro­gra­fia. E, de manei­ra prá­ti­ca, vamos con­tor­nan­do as difi­cul­da­des que a natu­re­za nos impõe. Temos sido mui­to exi­to­sos e há anos não temos regis­tro de enca­lhe com prá­ti­co con­du­zin­do a embarcação. 

Gustavo, por sua vez, apre­sen­tou suges­tões de melho­ri­as na hidro­gra­fia a par­tir da visão da pra­ti­ca­gem, entre elas que os por­tos orga­ni­za­dos tenham hidrógrafos:

– A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) pode­ria colo­car essa obri­ga­to­ri­e­da­de no papel. Não deve­mos res­trin­gir a hidro­gra­fia à Marinha do Brasil. A hidro­gra­fia é de todos – defen­deu ele, que é prá­ti­co no Paraná, pre­si­den­te da Fenapráticos e hidró­gra­fo hono­rá­rio da Marinha, títu­lo rece­bi­do em 2019 pelos esfor­ços em prol da hidro­gra­fia brasileira.

As demais suges­tões cita­das por ele foram: mai­or pre­ci­são nos levan­ta­men­tos hidro­grá­fi­cos e velo­ci­da­de de pro­ces­sa­men­to e divul­ga­ção dos dados; mode­los mais pre­ci­sos para iden­ti­fi­car for­ma­ção e movi­men­ta­ção de ban­cos de sedi­men­tos; uso mais difun­di­do do sis­te­ma de cala­do dinâ­mi­co; melho­res mode­los de pre­vi­são mete­o­ro­ló­gi­ca; mai­or cober­tu­ra de sen­so­res ambi­en­tais pelas Autoridades Portuárias; melho­res mode­los de pre­vi­são de maré mete­o­ro­ló­gi­ca; incre­men­to do uso de boi­as vir­tu­ais; ado­ção de boi­as arti­cu­la­das; mai­or cober­tu­ra DGPS (Differential Global Positioning System); além de implan­ta­ção de VTS (Vessel Traffic Service) e LPS (Local Port Service) tam­bém pelas Autoridades Portuárias. 

A Praticagem do Brasil foi um dos patro­ci­na­do­res do Simpósio Brasileiro de Hidrografia. O even­to reu­niu diver­sas auto­ri­da­des na área, como o dire­tor de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha, vice-almi­ran­te Carlos André Coronha Macedo; o vice-almi­ran­te Antonio Fernando Garcez Faria, mem­bro da Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) da ONU; o pre­si­den­te da Associação Internacional de Auxílios Marinhos à Navegação e Autoridades de Faróis (Iala), con­tra-almi­ran­te Marcos Lourenço de Almeida; e o dire­tor da Antaq, vice-almi­ran­te Wilson Pereira de Lima Filho.