Praticagem mos­tra sua con­tri­bui­ção ao meio ambi­en­te em semi­ná­rio da Portos e Navios

Por que o prá­ti­co é impres­cin­dí­vel no geren­ci­a­men­to de ris­co de aci­den­tes em águas peri­go­sas? Quais impac­tos ambi­en­tais podem cau­sar a sua ausên­cia quan­do moti­va­da por pres­são econô­mi­ca? Representando o dire­tor-pre­si­den­te do Conapra, prá­ti­co Gustavo Martins, o secre­tá­rio exe­cu­ti­vo Arionor Souza res­pon­deu a essas ques­tões em pales­tra no 14º Seminário Nacional sobre Indústria Marítima e Meio Ambiente (Ecobrasil 2018), rea­li­za­do pela Revista Portos e Navios com o apoio da Praticagem, em Copacabana.

Arionor Souza apre­sen­tou casos emble­má­ti­cos de aci­den­tes, entre eles o do Exxon Valdez, no Alasca, em 1989, quan­do o navio enca­lhou e vazou 38 mil metros cúbi­cos de óleo por­que o seu coman­dan­te não esta­va acos­tu­ma­do com uma cor­ren­te marí­ti­ma. Ele não con­ta­va com o asses­so­ra­men­to de um prá­ti­co. Na épo­ca, por pres­são econô­mi­ca, a Praticagem tor­nou-se facul­ta­ti­va no local. O resul­ta­do foi alar­man­te: mor­re­ram 22 balei­as orcas, 2.800 lon­tras, 300 focas e 350 mil pás­sa­ros. Ainda há regiões com 15cm de óleo cru no gelo, cons­ta­tou uma ins­pe­ção em 2017. Estima-se que o mun­do gas­tou até US$ 6,5 bilhões para sal­var o Alasca.

– Às vezes, cri­ti­ca-se uma ati­vi­da­de que exis­te no mun­do intei­ro, mas até hoje o mun­do não abriu mão do prá­ti­co nos por­tos, por cau­sa do dano que a sua ausên­cia pode pro­vo­car a uma soci­e­da­de intei­ra – res­sal­tou Arionor, lem­bran­do que, no Brasil, há ter­mi­nais que rece­bem embar­ca­ções com o dobro de capa­ci­da­de do Exxon Valdez, como o Tebig (Terminal da Baía de Ilha Grande) e o Tebar (Terminal de São Sebastião).

Ele lem­brou ain­da de um aci­den­te que um prá­ti­co evi­tou na Baía de Guanabara uma sema­na antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, quan­do um navio gasei­ro qua­se se cho­cou con­tra a Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói, após tra­var o leme. Graças à habi­li­da­de e ao conhe­ci­men­to do prá­ti­co do regi­me de cor­ren­te, ven­to e maré, a embar­ca­ção parou antes de atin­gir as rochas.

– Ninguém sou­be des­se caso, feliz­men­te. Há uma fra­se de um ex-prá­ti­co nor­te-ame­ri­ca­no, Mike Watson, que diz que o som da segu­ran­ça é o silêncio.

Além do geren­ci­a­men­to de ris­co, o secre­tá­rio exe­cu­ti­vo do Conapra des­ta­cou a impor­tân­cia de se ouvir os prá­ti­cos na implan­ta­ção de projetos:

– Muitos por­tos foram cons­truí­dos no país sem con­sul­ta ao pro­fis­si­o­nal que vai ope­rá-lo, o prá­ti­co, que conhe­ce todos os aspec­tos ambi­en­tais envol­vi­dos. Posso citar pelo menos qua­tro ter­mi­nais implan­ta­dos no tra­vés da cor­ren­te. Como con­sequên­cia, a dis­po­ni­bi­li­da­de do por­to aca­ba sen­do menor duran­te o ano.

A pla­teia assis­tiu tam­bém a um vídeo ins­ti­tu­ci­o­nal da Praticagem e pôde conhe­cer mais sobre o ser­vi­ço, os pro­fis­si­o­nais, a estru­tu­ra exi­gi­da, as zonas de pra­ti­ca­gem, a legis­la­ção, o Conapra e suas com­pe­tên­ci­as dele­ga­das pela Autoridade Marítima.

O Ecobrasil 2018 vai até quar­ta-fei­ra (25/4), no Hotel Mirador, em Copacabana. Confira a pro­gra­ma­ção: https://www.portosenavios.com.br/ecobrasil-2018