Rio tam­bém ado­ta sis­te­ma que melho­ra aces­si­bi­li­da­de ao porto

O pre­mi­a­do sis­te­ma de cala­do dinâ­mi­co ReDRAFT, implan­ta­do com suces­so pela Praticagem no Porto de Santos, come­ça a ganhar a cos­ta bra­si­lei­ra, pro­por­ci­o­nan­do mais efi­ci­ên­cia e segu­ran­ça às ope­ra­ções por­tuá­ri­as. A tec­no­lo­gia já está em fun­ci­o­na­men­to no Rio de Janeiro, sob acom­pa­nha­men­to das auto­ri­da­des com­pe­ten­tes, ampli­an­do o poder de deci­são para agi­li­zar a entra­da e saí­da de embar­ca­ções sem que se per­ca em segu­ran­ça das pes­so­as e do meio ambi­en­te. Os avan­ços foram apre­sen­ta­dos, na últi­ma sex­ta-fei­ra, 11 de maio, em semi­ná­rio da Associação dos Usuários dos Portos do Rio de Janeiro (USUPORT-RJ), no Clube de Engenharia. 

O ReDRAFT cal­cu­la, com mais pre­ci­são, a fol­ga abai­xo da qui­lha do navio sufi­ci­en­te para mano­brá-lo com con­fi­a­bi­li­da­de, sem que haja ris­co de bater no fun­do. O cál­cu­lo é fei­to con­si­de­ran­do par­ti­cu­la­ri­da­des do canal de aces­so, carac­te­rís­ti­cas da embar­ca­ção e dados ambi­en­tais cole­ta­dos em tem­po real que pro­vo­cam efei­tos duran­te a mano­bra, como con­di­ções de ven­to, cor­ren­te, marés e ondas. 

Sem essas infor­ma­ções pre­ci­sas tra­zi­das pelo sis­te­ma, antes as res­tri­ções de ope­ra­ção eram empí­ri­cas e con­ser­va­do­ras, a fim de man­ter a segu­ran­ça das mano­bras. Com o uso do soft­ware, é pos­sí­vel ampli­ar o cala­do máxi­mo segu­ro seguin­do os padrões inter­na­ci­o­nais. Isso sig­ni­fi­ca mai­or aces­si­bi­li­da­de ao por­to, já que as embar­ca­ções pre­ci­sam espe­rar menos por con­di­ções favo­rá­veis de entra­da e saí­da, além de ganhos sig­ni­fi­ca­ti­vos de car­ga (cada 10cm a mais de cala­do repre­sen­tam mais 1000 tone­la­das ou 65 contêineres).

Em Santos, o tem­po de fecha­men­to do por­to por res­tri­ções de cala­do, que somou oito dias em 2013, pas­sou a qua­tro dias em 2016 após o ReDRAFT; e em 2017 foi de ape­nas dois dias. O núme­ro de mano­bras de navi­os com cala­do aci­ma dos 12m cres­ceu 24% no últi­mo ano.

O dire­tor-pre­si­den­te do Conapra, prá­ti­co Gustavo Martins, lem­bra que a tec­no­lo­gia vai ao encon­tro dos inves­ti­men­tos que o país neces­si­ta para dar con­ta da pre­vi­são do dobro de movi­men­ta­ção de car­ga nos por­tos bra­si­lei­ros den­tro de dez ou 15 anos:

– Temos uma série de gar­ga­los a supe­rar, entre eles sis­te­mas que per­mi­tam a uti­li­za­ção dos nos­sos canais em todo o seu poten­ci­al. O ReDRAFT está em linha com essa neces­si­da­de. Não pode­mos esque­cer que o usuá­rio do por­to é o dono da car­ga e todos os esfor­ços devem ser fei­tos para atendê-lo.

O vice-pre­si­den­te da Associação Internacional de Práticos Marítimos (IMPA), prá­ti­co Ricardo Falcão, diz que a qua­li­da­de do sis­te­ma bra­si­lei­ro é de nível mundial:

– A gran­de ino­va­ção no Brasil é que o mode­lo é finan­ci­a­do 100% pela ini­ci­a­ti­va pri­va­da. Não deve em nada a nenhum do mundo.

O ReDRAFT só foi pos­sí­vel após a inau­gu­ra­ção, em 2014, do Centro de Coordenação, Comunicações e Operações de Tráfego (C3OT) da Praticagem de Santos, que come­çou a cole­tar dados ambi­en­tais como fer­ra­men­ta de apoio aos prá­ti­cos e a com­par­ti­lhá-los com a comu­ni­da­de cien­tí­fi­ca. Daí veio a par­ce­ria da Praticagem com os jovens dou­to­res da Argonáutica, empre­sa que nas­ceu den­tro da USP e desen­vol­veu o sis­te­ma. Em 2017, a ini­ci­a­ti­va ven­ceu o Prêmio da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) na cate­go­ria “Iniciativas Inovadoras”.

No Porto do Rio, a implan­ta­ção ocor­re por meio de uma par­ce­ria entre a Praticagem do RJ e os ope­ra­do­res por­tuá­ri­os. Duas boi­as fazem a cole­ta dos dados para os cál­cu­los do sistema.

– Acreditamos que quan­to mais efi­ci­en­te é um por­to mais ganha o usuá­rio. O ReDRAFT com­bi­na segu­ran­ça da nave­ga­ção, efi­ci­ên­cia e com­pe­ti­ti­vi­da­de – des­ta­ca o dire­tor-pre­si­den­te da USUPORT-RJ, André de Seixas.

Também esti­ve­ram pre­sen­tes no semi­ná­rio da asso­ci­a­ção, no Clube de Engenharia, o vice-pre­fei­to do Rio, Fernando Mac Dowell, e o ex-minis­tro das Cidades, Márcio Fortes.