Com patrocínio da Praticagem, seminário na FGV discute adoção de combustíveis mais limpos
A partir de 1º de janeiro de 2020, conforme regulação da Organização Marítima Internacional (IMO), todos os navios que utilizam óleo combustível terão que reduzir o limite de teor de enxofre dos atuais 3,5% para 0,5%. A adaptação da indústria a essa nova realidade foi discutida em diferentes níveis, na última terça-feira (3/12), em seminário conjunto realizado pela FGV Energia e pela FGV Transportes, no Rio de Janeiro, com patrocínio da Praticagem do Brasil.
A emissão de dióxido de enxofre no meio ambiente pode causar problemas respiratórios e chuva ácida. Segundo estudo apresentado na IMO, se nada fosse feito, a poluição do ar proveniente das embarcações contribuiria para mais de 570 mil mortes prematuras no mundo entre 2020 e 2025. Com a entrada em vigor da medida, os Armadores têm três opções: adotar combustíveis mais limpos (como o diesel marítimo e o óleo combustível com baixo teor de enxofre), instalar sistemas purificadores (scrubbers) ou optar por combustíveis alternativos como o GNL.
Durante o seminário, foram debatidos os impactos da mudança no mercado e nas áreas legal, de refino e distribuição. Além disso, discutiu-se a qualidade dos combustíveis novos, existentes e as opções compatíveis no transporte marítimo. Os especialistas presentes preveem, por exemplo, uma sobrevalorização inicial do diesel e elevação no frete.
Segundo o Assessor da Diretoria-Geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Pietro Mendes, espera-se, em um ano, uma redução da demanda do óleo combustível com alto teor de enxofre de 3,5 milhões de barris/dia para 1,4 milhão.
A Petrobras terá vantagens competitivas, pois a média do teor de enxofre do petróleo produzido no Brasil é inferior à média global. De acordo com a Gerente-Geral de Comercialização de Escuros da empresa, Claudia Sousa, a estatal, desde outubro, só comercializa o bunker 0,5% e deve fechar o ano com a marca de mais de duas milhões de toneladas.
O Diretor de Transporte Marítimo da Transpetro, Rogério Figueiró, disse que, em dezembro, toda a frota da subsidiária estará enquadrada na IMO 2020, consumindo o óleo combustível com baixo teor de enxofre.
Além de professores, participaram do evento representantes do Ministério de Minas e Energia, da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, da Marinha do Brasil, do Consulado da Noruega no Rio de Janeiro, do Governo do Estado, da cabotagem, de empresas e escritórios de advocacia.