Tecnologia em Santos está alinhada com o principal porto da Europa
Sensores instalados em terminais captam informações em tempo real sobre marés, correntes, temperaturas, velocidade do vento etc. Um cruzamento desses dados prevê, então, o melhor momento para entrada e saída de embarcações, permitindo uma gestão portuária mais eficiente. O conteúdo da reportagem do Jornal Hoje sobre Roterdã mostra que Santos (SP) está alinhado com o principal porto da Europa, que quer se tornar o mais inteligente do mundo em 2030.
A exemplo do sistema de calado dinâmico ReDRAFT, um investimento da Praticagem, a tecnologia em Roterdã reduziu em 20% o tempo em que um navio permanece atracado, economizado até 30 mil euros em cada descarregamento.
Em Santos, o uso do ReDRAFT diminuiu o tempo de fechamento do porto por restrições de calado de oito dias, em 2013, para apenas dois, em 2017. Além disso, houve ganhos significativos de carga, porque cada 10cm a mais de calado representa 1000 toneladas extras ou 65 contêineres. O número de manobras de navios com calado acima dos 12m cresceu 24%, no ano passado, no porto brasileiro.
O software calcula, com mais precisão, a folga abaixo da quilha do navio suficiente para conduzi-lo sem que haja risco de bater no fundo. O cálculo é feito considerando: particularidades do canal de acesso, características da embarcação e dados ambientais coletados em tempo real que provocam efeitos durante a manobra, como condições de vento, corrente, marés e ondas, tal como em Roterdã.
O ReDRAFT foi possível após a inauguração, em 2014, do Centro de Coordenação, Comunicações e Operações de Tráfego (C3OT) da Praticagem de Santos, que passou a coletar esses dados ambientais como ferramenta de apoio aos Práticos e a compartilhá-los com a comunidade científica. Daí surgiu a parceria com os jovens doutores da empresa que desenvolveu o sistema, que nasceu dentro da USP.
Na Holanda, várias startups estão instaladas no porto, estudando tecnologias para que a autoridade portuária cumpra a meta de fazer de Roterdã o mais inteligente do mundo daqui a pouco mais de dez anos. Com 42km de extensão e um dos únicos de águas profundas na Europa, Roterdã já faz o país ser líder em infraestrutura portuária há seis anos. Graças à alta produtividade, 140 mil navios passam por ali todos os anos.
– Entre muitas inovações, Roterdã instalou sensores para otimizar a movimentação de navios. Santos, a partir do C3OT e do ReDRAFT, e outros portos estão seguindo o mesmo caminho, adotando equipamentos e um sistema no estado da arte – destaca o Prático Souza Filho, membro do Conselho Técnico do Conapra.
Assista à reportagem do Jornal Hoje, a terceira de uma série sobre tecnologias.