Professor lança livro e alerta contra interferência política na Praticagem

Conapra participou do lançamento em evento concorrido na Emerj

O Conselho Nacional de Praticagem (Conapra) – à fren­te o prá­ti­co e dire­tor-pre­si­den­te, Gustavo Martins – pres­ti­gi­ou na ter­ça-fei­ra, 6/7, o lan­ça­men­to do livro ‘Praticagem, Meio Ambiente e Sinistralidade’, de auto­ria do pro­fes­sor dou­tor Matusalém Gonçalves Pimenta, em even­to rea­li­za­do na Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj). Para um audi­tó­rio lota­do, o espe­ci­a­lis­ta expli­cou que a obra abor­da três ramos do Direito (marí­ti­mo, inter­na­ci­o­nal e ambi­en­tal) que apon­tam a pra­ti­ca­gem como ser­vi­ço essen­ci­al para a segu­ran­ça da nave­ga­ção e da pro­te­ção do meio ambiente.

Matusalém citou a evo­lu­ção de reso­lu­ções no setor, a par­tir da expe­ri­ên­cia de aci­den­tes gra­ves. Lembrou, por exem­plo, o da Exxon Valdez, em que 40 mil tone­la­das de óleo foram lan­ça­das no mar, milha­res de aves mor­re­ram, assim como cen­te­nas de lon­tras e mais vidas mari­nhas se per­de­ram. A Exxon gas­tou mais de dois bilhões de dóla­res ape­nas para lim­par a área afe­ta­da; outros 500 milhões de dóla­res foram pagos à épo­ca em mul­tas pela com­pa­nhia. “Tudo para evi­tar o cus­to da pra­ti­ca­gem de cin­co mil dóla­res na oca­sião”, afir­mou. O autor escla­re­ceu que o coman­dan­te era expe­ri­en­te, mas não no deta­lhe que cabe ao prá­ti­co quan­to ao conhe­ci­men­to de que cor­ren­tes marí­ti­mas, no perío­do do dege­lo, tor­na­vam-se bem mais for­tes, pro­vo­can­do o acidente.

Outro aler­ta do pro­fes­sor foi quan­to à neces­si­da­de de pres­sões polí­ti­cas serem abo­li­das na pra­ti­ca­gem. Ele lamen­tou que a ati­vi­da­de no Brasil sofra ten­ta­ti­vas de inter­fe­rên­ci­as polí­ti­cas dos que bus­cam uma regu­la­ção téc­ni­ca e econô­mi­ca que aten­da a inte­res­ses escu­sos e pediu o aler­ta da soci­e­da­de. “Os pilo­tos marí­ti­mos, como são tam­bém conhe­ci­dos os prá­ti­cos, desem­pe­nham papel essen­ci­al na segu­ran­ça marí­ti­ma e na pro­te­ção do meio ambi­en­te. Estão em per­ma­nen­te trei­na­men­to. É ele­men­tar a inde­pen­dên­cia fun­ci­o­nal da pra­ti­ca­gem”, des­ta­cou o autor, para o qual o aci­den­te com a Vale em Mariana (MG) foi devi­do à “vio­la­ção de nor­ma téc­ni­ca por inter­fe­rên­cia polí­ti­ca”, assim como o da ciclo­via Tim Maia, no Rio de Janeiro.