Práticos de SP passam por túnel de sanitização antes e depois das manobras
A Praticagem de São Paulo decidiu instalar um túnel de sanitização na ponte do centro de operações, na Ponta da Praia, em Santos. Práticos, marítimos e colaboradores agora passam dentro dele antes e depois de cada manobra, recebendo uma névoa de produto químico que elimina vírus e bactérias.
No caso de operações em que a praticagem é avisada de suspeitas de tripulantes com a Covid-19, os práticos já atravessam, inclusive, com os macacões e equipamentos de proteção especiais, a fim de garantir uma proteção maior.
Usado em hospitais, empresas e navios, o túnel permite a sanitização de roupas, calçados e acessórios, por meio de um sistema de pressão e vazão mais eficiente do que uma pulverização tradicional. O produto utilizado não traz risco à saúde e segue normas técnicas da Anvisa.
Paralelamente, a Praticagem de São Paulo iniciou um processo completo de desinfecção em todas as suas lanchas e instalações, incluindo a sede e o estaleiro. O produto protege, em média, por 15 dias, eliminando a possibilidade de o vírus ficar depositado nos locais de aplicação.
Os riscos para os práticos, no entanto, continuam nos embarques. Por isso, a praticagem encaminhou uma mensagem ao Sindicato das Agências de Navegação Marítima (Sindamar), com cópia para a Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP) e a Santos Port Authorithy (SPA). Nela, recomenda uma série de providências a serem tomadas pelos navios antes da chegada no porto, como o uso de máscaras.
Outro problema grave que persiste, em alguns casos, é a falta de comunicação imediata de tripulantes com suspeita de coronavírus.
– O prático é o primeiro a ter contato com qualquer tripulação que chega nos portos. A emissão da livre prática da Anvisa demonstra uma relação de confiabilidade entre as partes, principalmente quanto às condições de saúde dos estrangeiros. Porém, quando esse protocolo é quebrado e não nos informam os casos de Covid-19 a bordo, colocam os práticos, suas famílias, colaboradores e toda comunidade em risco – alerta o presidente da Praticagem do Estado de São Paulo, Carlos Alberto de Souza Filho.
Se essa comunicação é feita a tempo, os práticos embarcam com a roupa de proteção completa, totalmente descartada após o uso. Cerca de 1.300 manobras mensais são feitas na zona de praticagem que abrange Santos e São Sebastião.
Recentemente, o centro de operações da praticagem foi quem fez o alerta para a Santos Port Authority e a Anvisa sobre a chegada de um navio com casos suspeitos a bordo. Quinze dos 21 tripulantes, entre eles o comandante, estavam infectados.
– Esse tipo de situação deve ser comunicado antes da chegada do prático a bordo. O comandante não pode deixar que questões econômicas ou pressões dos armadores se sobreponham à saúde. Já estive com a Capitania dos Portos e, junto com o Conselho Nacional de Praticagem, estamos estudando medidas para que casos assim não se repitam – diz Souza Filho.
A praticagem continua defendendo que a Anvisa altere o protocolo, que deve ser baseado no Regulamento Sanitário Internacional.
– Defendemos uma fidelidade maior ao protocolo internacional, que o navio vá para um fundeadouro, um lugar mais abrigado, para que os técnicos da Anvisa possam subir a bordo e verificar a situação da embarcação antes do embarque do prático – encerra o presidente da Praticagem de São Paulo.