PRATICAGEM DO BRASIL DEBATE O PORTO DE SANTOS

A Praticagem do Brasil participou, nos dias 3 e 4 de agosto, do Santos Export – edição regional do Fórum Nacional de Logística e Infraestrutura Portuária (Brasil Export) que completou 20 anos. O evento no Guarujá (SP) teve a presença do ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, entre outras autoridades do setor, como o secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Mario Povia, e o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Eduardo Nery.
Os desafios para a entrada de navios maiores no Porto de Santos foram tema recorrente dos debates, além do processo de desestatização da gestão portuária. A praticagem mostrou como contribui para superar gargalos naturais e limitações estruturais.
O presidente da Praticagem de São Paulo, prático Bruno Tavares, participou do painel que discutiu os acessos ao porto. Questionado pelo moderador sobre qual o horizonte para aprofundar o canal de navegação a tempo de receber as megaembarcações, ele defendeu que o mais importante é que se faça tudo com segurança, sem esquecer da manutenção da profundidade.
– Estamos prontos para receber os navios de 366 metros de comprimento e operamos com um calado máximo de 14,50 metros, excelente em nível mundial. Porém, não podemos ignorar detalhes como a dragagem de manutenção. Em Santos, existe uma taxa natural de assoreamento anual. E quanto mais se aprofunda o canal mais rápido será o seu assoreamento – lembrou o presidente.
De acordo com a Autoridade Portuária, a dragagem de manutenção contratada prevê a retirada de 180 milhões de metros cúbicos/ano. Com um possível aprofundamento do canal para 17 metros, a projeção é triplicar a retirada de sedimentos.
O presidente da Praticagem de SP mencionou o esforço da atividade para trazer eficiência ao porto sem perder de vista a segurança das operações:
– A praticagem vem, desde o fim de 2019, otimizando manobras para dar dinâmica ao porto. A gente chama essas manobras de “um pelo outro”. Enquanto uma embarcação sai, outra já está no canal de acesso a caminho do berço, diminuindo sua ociosidade. Esse é um trabalho conjunto da comunidade portuária, envolvendo terminais, rebocadores, amarradores e a coordenação do tráfego.
O CEO da Santos Port Authority, Fernando Biral, destacou o papel dos práticos para o aumento da produtividade no maior porto da América Latina:
– Acompanhamos o que vem sendo feito pela praticagem, um trabalho de excelência. Não temos dúvidas de que, com apoio do serviço, vamos exceder os nossos limites.
O vice-presidente da Praticagem do Brasil, prático Bruno Fonseca, disse que, não fossem os investimentos próprios da atividade, o porto estaria operando com navios de menor capacidade:
– Se aplicássemos as diretrizes para obras de infraestrutura da Pianc (Associação Náutica Internacional), Santos operaria com navios de 254 metros de comprimento e 38 metros de boca. Hoje, a praticagem entra com embarcações de 340 metros de comprimento e 49 metros de boca. E já estão homologados os navios de 366 metros de comprimento e 51 metros de boca. Isso é possível graças a investimentos em tecnologia, como os sistemas de monitoramento ambiental e calado dinâmico, que propiciam ampliação das janelas de operação; aquisição de PPUs, equipamentos que auxiliam a nossa tomada de decisão a bordo; e treinamento. Todos os práticos foram a Nova Orleans (EUA) treinar em modelos tripulados reduzidos, que simulam o comportamento dos grandes navios.
O vice-presidente explicou a dificuldade que é manobrar esses meganavios em zonas de praticagem:
– As embarcações de 366 metros foram projetadas para ter eficiência de navegação em mar aberto. Não foram construídas para navegar em águas restritas. São navios que não fazem curva, dado o leme pequeno em relação ao seu tamanho. Além disso, a característica da máquina a ré é muito fraca em relação à máquina avante. Mas em todo o país a praticagem está sempre pronta, antecipando-se aos desafios por vir.
Também estiveram presentes no Santos Export: o diretor-superintendente da Praticagem de São Paulo, prático Hermes Bastos Filho, e o gerente Alexandre Canhetti; além do conselheiro técnico da Praticagem do Brasil, Pedro Parente, e do secretário executivo Arionor Souza.