Praticagem de São Francisco presta homenagem a tripulantes dos navios
Ganhar uma caixa de bombom com uma carta de reconhecimento pelo seu trabalho pode parecer algo simples. Mas é um alento para quem está embarcado além dos quatro a seis meses usuais. Essa foi a maneira que a Praticagem São Francisco e o Porto Itapoá (SC) encontraram para homenagear os tripulantes dos navios. Por causa da pandemia, muitos tiveram que estender sua permanência a bordo e têm dificuldade para retornar às suas casas, em função das restrições de viagem.
Segundo o diretor executivo da praticagem, Roberto Castanho, a ideia partiu do prático Rodrigo Faust:
– É uma forma de homenagear os tripulantes nesse momento difícil em que prestam um trabalho essencial para manter as operações dos navios. Muitos estão há meses longe de suas famílias e achamos interessante reconhecê-los por esse trabalho que mantém a cadeia logística funcionando e a população abastecida. Isso às vezes eleva um pouco a moral deles.
Oficial de máquinas por formação, Rodrigo viajou pela Transpetro e chegou a ficar nove meses embarcado, porém, em circunstâncias normais. Ele conta como pensou na iniciativa:
– Eu tinha notícia do que acontecia nos navios, dessa impossibilidade de troca de tripulações e dos contratos sendo prorrogados, com os tripulantes permanecendo a bordo. Mas aquilo não te chama a atenção se você não chega perto do problema. Até que conversei com o comandante e o imediato de um navio que relataram que havia tripulantes há mais de um ano a bordo. Eles queriam fazer algo para minimizar a situação.
A sugestão foi levada ao diretor de Operações, Meio Ambiente e Tecnologia do porto, Sergni Rosa, e ambas as empresas aprovaram a ação rapidamente. O primeiro grupo homenageado, no dia 4 de julho, foi a tripulação do navio Northern Magnitude, comandada pelo capitão Ciesla Lucasz. Tripulantes de 150 embarcações serão contemplados em três meses, totalizando entre três mil e 4.500 pessoas.
De acordo com a Organização Marítima Internacional (IMO), estima-se que, em julho, pelo menos 200 mil marítimos necessitem de repatriamento em virtude da troca de tripulação nas embarcações. Número similar está sem trabalhar porque não consegue embarcar para substituí-los, ficando sem sustento.
A troca de tripulação é vital para evitar a fadiga e proteger a saúde dos trabalhadores, principalmente nessa pandemia, quando são submetidos a mais estresse físico e mental.
Leia alguns relatos de marítimos afetados no site da IMO: http://www.imo.org/en/MediaCentre/HotTopics/Pages/Testimonies-of-stranded-seafarers.aspx