Praticagem coordena manobra inédita em SP com submersível
A Praticagem do Estado de São Paulo coordenou manobra inédita no canal entre São Sebastião e Ilhabela, na última semana. O navio submersível doca Xin Guang Hua, com 255 metros de comprimento, submergiu parcialmente, até a profundidade de 27 metros, para receber em seu convés-plataforma o Chipol Taihu, de 188 metros de comprimento.
As duas embarcações são da chinesa Cosco Shipping, que resolveu montar a operação para levar a segunda em segurança para a China. Carregada com cerca de 40 mil toneladas de toras de madeira para a indústria de celulose, ela está com os sistemas de propulsão e de geração de energia avariados e foi rebocada do porto do Rio Grande (RS) para São Paulo.
Segundo o Prático Hermes Bastos, que participou da manobra com o Prático Flavio Peixoto, assim que o serviço foi contratado, a Praticagem fez um levantamento batimétrico utilizando sonda multifeixe, que forneceu dados bastante detalhados das profundidades locais:
– Encontramos uma área bem grande, de 34 metros de profundidade, ideal para o que necessitavam. As condições meteorológicas esperadas (vento, corrente, ondulação e visibilidade) também seriam favoráveis para a execução do trabalho.
No dia 19 pela manhã, o navio submersível foi fundeado pelos Práticos, com precisão na posição determinada. No dia 20, às 4h, começou a operação para submergi-lo parcialmente, que terminou às 8 horas. A embarcação foi até a profundidade de 27 metros, com água suficiente para receber a menor avariada. Depois, ela foi mantida alinhada contra a corrente e o vento pelo Prático Hermes, usando rebocadores.
Enquanto isso, às 6h, o Prático Flávio embarcava no Chipol Taihu, sem propulsão e energia, puxado por três rebocadores para o ponto de encontro com o submersível. Após duas horas de reboque, o Prático o entregou na posição desejada. A partir desse ponto, o navio foi cuidadosamente puxado para a plataforma doca do Xing Guang Hua, com o auxílio de rebocadores e cabos especiais.
– Foram três horas e meia só para deslocar o navio avariado por cerca de 200 metros, tudo muito lentamente para evitar um acidente. A outra etapa foi trazer o navio doca novamente para a profundidade normal, de navegação, após receber a carga. Para isso, eles bombeiam para fora a água dos tanques de lastro, até chegar ao nível de flutuabilidade necessário, com cerca de 11 metros de calado. Nos dias subsequentes, seriam feitas as soldas das estruturas no convés de carga, formando um picadeiro para apoiar a embarcação avariada com segurança, a fim de garantir estabilidade e sustentá-la até a viagem à China – explicou Hermes.
A Marinha do Brasil e a Autoridade Portuária de Santos acompanharam toda a operação. Previamente, foi constatado que não haveria risco ambiental. Foram realizadas, na sede da Praticagem, três reuniões preparatórias com as equipes envolvidas para cobrir todos os detalhes. Superintendentes das operações de docagem da Cosco Shipping vieram especialmente da China para acompanhar o trabalho, assim como um representante da empresa Zvitzer, que executou toda a faina de reboque, desde Rio Grande até a fase final da manobra.
Com informações da Praticagem do Estado de SP