Serviço essen­ci­al por lei fede­ral, a pra­ti­ca­gem é a pri­mei­ra a embar­car em navi­os que che­gam de diver­sas par­tes do mun­do. Mesmo dian­te do ris­co de con­ta­mi­na­ção por coro­na­ví­rus a bor­do, prá­ti­cos seguem reco­men­da­ções da Anvisa e con­ti­nu­am cum­prin­do a mis­são de con­du­zir embar­ca­ções sem aci­den­tes na entra­da e saí­da dos por­tos, pois o trans­por­te marí­ti­mo não pode parar. A ati­vi­da­de por­tuá­ria é fun­da­men­tal para a eco­no­mia e o abas­te­ci­men­to da popu­la­ção, sen­do res­pon­sá­vel por 95% das car­gas impor­ta­das e expor­ta­das pelo país, de equi­pa­men­tos hos­pi­ta­la­res e medi­ca­men­tos a ali­men­tos, com­bus­tí­veis e a soja do agronegócio.

A pra­ti­ca­gem, no entan­to, tam­bém vem fazen­do a sua par­te para ame­ni­zar os efei­tos da pan­de­mia da Covid-19 e aju­dar o Brasil a sair logo da cri­se. Seja por ini­ci­a­ti­va indi­vi­du­al dos 635 prá­ti­cos bra­si­lei­ros ou das empre­sas de pra­ti­ca­gem das quais são sóci­os, já foram doa­dos R$ 10,2 milhões bene­fi­ci­an­do mais de 40 ins­ti­tui­ções e áre­as caren­tes em 18 esta­dos onde a ati­vi­da­de pres­ta serviço.

Entre os itens doa­dos estão: 11 lei­tos de UTI; deze­nas de equi­pa­men­tos hos­pi­ta­la­res, incluin­do res­pi­ra­do­res; 500 mil equi­pa­men­tos de pro­te­ção indi­vi­du­al (EPIs); milha­res de litros de álco­ol em gel; e seis mil ces­tas básicas.

Em Vitória (ES), por exem­plo, a pra­ti­ca­gem con­tri­buiu para via­bi­li­zar dez lei­tos de UTI na Santa Casa. O Hospital Regional de Santarém (PA) rece­beu um apa­re­lho de rai­os X trans­por­tá­vel. Já o Hospital Naval de Recife (PE) ganhou um sis­te­ma de vácuo para aspi­rar secre­ções respiratórias.

Em Rio Grande (RS), foram doa­dos 1.700 maca­cões para enfer­mei­ros e médi­cos do Hospital Universitário. No muni­cí­pio de Itacoatiara (AM), o dire­tor do Hospital Regional José Mendes agra­de­ceu a doa­ção de 15 mil pares de luvas, 50 litros de álco­ol em gel, mil tou­cas des­car­tá­veis e mil máscaras.

– Somos polo de assis­tên­cia do Médio Amazonas e rece­be­mos paci­en­tes de vári­os muni­cí­pi­os, até de Manaus (dis­tan­te qua­tro horas). Agradeço mui­tís­si­mo a par­ce­ria. A pala­vra nes­te momen­to é coo­pe­ra­ção e esta­mos bus­can­do qual­quer apoio possível.

Além das ações de soli­da­ri­e­da­de das empre­sas de pra­ti­ca­gem e de seus prá­ti­cos, o Conselho Nacional de Praticagem (Conapra) incen­ti­vou e arre­ca­dou doa­ções entre os pro­fis­si­o­nais que atu­am nas 21 zonas de pra­ti­ca­gem brasileiras.

– A pra­ti­ca­gem é uma ati­vi­da­de pri­va­da e acre­di­ta que todos que podem devem fazer a sua par­te. Sempre apoi­a­mos a comu­ni­da­de local e não pode­ría­mos fal­tar nes­ta situ­a­ção. A res­pon­sa­bi­li­da­de com a soci­e­da­de é nos­sa mis­são. Apesar do ris­co de con­ta­mi­na­ção, con­ti­nu­a­mos embar­can­do pro­te­gi­dos com EPIs para con­du­zir os navi­os sem aci­den­tes na che­ga­da e saí­da dos por­tos. Dessa for­ma, pro­te­ge­mos o meio ambi­en­te e a popu­la­ção da polui­ção nos mares e rios, ao mes­mo tem­po em que garan­ti­mos o fun­ci­o­na­men­to da eco­no­mia e o abas­te­ci­men­to por meio do trans­por­te marí­ti­mo – diz o pre­si­den­te do Conapra, prá­ti­co Ricardo Falcão.

Veja algu­mas ins­ti­tui­ções beneficiadas

  • Hospital Regional de Itacoatiara (AM): 15 mil pares de luvas, 50 litros de álco­ol em gel, 1000 tou­cas e 1000 máscaras.
  • Hospital Estadual de Santana / Hospital de Emergência do Amapá / Unidade Básica de Saúde Lélio Silva / Posto de Atendimento Infantil de Macapá / Instituto de Administração Penal do Amapá / Corpo de Bombeiros / Polícia Militar (AP): 24 mil tou­cas, 300 aven­tais, 150 litros de álco­ol gel, 100 más­ca­ras N95, 48 mil pares de luvas de procedimento.
  • Hospital Regional de Santarém (PA): apa­re­lho de rai­os X trans­por­tá­vel e uni­da­de digitalizadora.
  • Associação Anjo Rafael (CE): Distribuição de ces­tas bási­cas e quentinhas.
  • Hospital Naval de Recife (PE): sis­te­ma de vácuo para aspi­rar secre­ções respiratórias.
  • SAMU (PE): 500 maca­cões doados.
  • Sindicato dos Estivadores nos Portos de Pernambuco (PE): 232 ces­tas bási­cas men­sais por três meses.
  • Obras Sociais Irmã Dulce (BA): doa­ção para com­pra de mate­ri­al para uni­da­des de saú­de do Complexo Roma.
  • Hospital das Clínicas (BA): aqui­si­ção de máqui­na para con­fec­ci­o­nar más­ca­ras cirúr­gi­cas, EPIs e mate­ri­al para equi­par ambu­la­tó­ri­os e UTI.
  • Hospital Naval de Salvador (BA): aqui­si­ção de mate­ri­al para equi­par UTIs.
  • Santa Casa de Vitória (ES): via­bi­li­za­ção de dez lei­tos de UTI.
  • Fundo Social de Solidariedade de Santos (SP): pro­du­ção de cin­co mil más­ca­ras para famí­li­as em vul­ne­ra­bi­li­da­de social.
  • Hospital de cam­pa­nha em São Francisco do Sul (SC): doa­ções para mon­ta­gem da uni­da­de, como col­chões e tra­ves­sei­ros hos­pi­ta­la­res, supor­tes de soro e mesas.
  • Hospital Universitário de Rio Grande (RS): 1.700 maca­cões para enfer­mei­ros e médicos.
  • Policlínica Naval de Rio Grande (RS): doa­ção em espécie.
  • Santa Casa de Rio Grande (RS): 10 mil más­ca­ras e 800 más­ca­ras N95.
  • Ação da Cidadania (15 esta­dos): Distribuição de ces­tas básicas.
  • Cruz Vermelha (21 esta­dos): Ajuda huma­ni­tá­ria no com­ba­te à Covid-19.
  • Médicos Sem Fronteiras (Brasil): Ajuda huma­ni­tá­ria no com­ba­te à Covid-19.

Sobre a praticagem

A pra­ti­ca­gem é o ser­vi­ço que con­duz os navi­os na entra­da e saí­da dos por­tos. O tra­ba­lho é rea­li­za­do a bor­do pelo prá­ti­co, pro­fis­si­o­nal com conhe­ci­men­to local e espe­cí­fi­co de mano­bras em áre­as res­tri­tas à nave­ga­ção. O obje­ti­vo é evi­tar aci­den­tes que podem cau­sar gra­ve polui­ção ambi­en­tal, mor­tes e danos ao patrimô­nio públi­co e pri­va­do, além inter­rom­per o fun­ci­o­na­men­to por­tuá­rio, pre­ju­di­can­do o abas­te­ci­men­to e a eco­no­mia. Devido à sua impor­tân­cia, o ser­vi­ço é con­si­de­ra­do essen­ci­al por lei fede­ral, deven­do estar dis­po­ní­vel 24 horas aos donos dos navi­os (arma­do­res), duran­te todos os dias do ano. No Brasil, exis­tem 21 zonas de pra­ti­ca­gem obri­ga­tó­ri­as, esta­be­le­ci­das pela Marinha. Em cada uma des­sas áre­as, os prá­ti­cos estão orga­ni­za­dos em empre­sas e exis­te uma esca­la de rodí­zio úni­ca de tra­ba­lho. Os pro­fis­si­o­nais são sele­ci­o­na­dos em pro­ces­so sele­ti­vo públi­co rea­li­za­do tam­bém pela Marinha.