Praticagem apresenta os investimentos a favor do agro
Além de cumprir sua missão de conduzir os navios sem acidentes na entrada e saída dos portos, a Praticagem do Brasil realiza uma série de investimentos a favor do agronegócio. São estudos, tecnologias e treinamentos que acabam permitindo que os navios carreguem mais mercadorias e demorem menos para atracar e desatracar, superando limitações portuárias. O secretário executivo do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), Arionor Souza, apresentou um panorama sobre a atividade e esses investimentos durante o Centro-Oeste Export – evento regional do Fórum Nacional de Logística e Infraestrutura Portuária (Brasil Export), realizado nos dias 9 e 10 de novembro em Rondonópolis (MT), com o apoio da praticagem.
– O mais importante que nós temos que lembrar é que a praticagem é um serviço eficiente, que trabalha para um Brasil melhor. O que se paga é para manter um serviço de alta qualidade – afirmou o secretário, referindo-se aos questionamentos sobre o preço.
Em Santos, lembrou, a praticagem implantou um sistema pioneiro de calado dinâmico ampliado para outros portos. A ferramenta diminuiu o tempo de fechamento do porto por restrições de calado de oito para dois dias. Ao mesmo tempo, trouxe ganhos significativos de carga. O número de manobras de navios com calado acima dos 12 metros cresceu 24%. Dez centímetros a mais de calado representam mil toneladas ou 65 contêineres extras por embarcação. Já na Amazônia, o estudo das profundidades dos rios e das marés na foz do Rio Amazonas elevou o calado em 40 centímetros: um ganho de carga de mais de US$ 1 milhão por navio.
Apesar de tantos benefícios gerados, Arionor demonstrou em um gráfico que os preços do serviço no Brasil estão abaixo da média mundial e que, desde 1998, são oferecidas condições diferenciadas para a cabotagem. Ele traçou um paralelo com custos logísticos do agronegócio. No Porto de Santos, a praticagem custa R$ 0,57 por tonelada de soja, para fazer a entrada da embarcação por 20 quilômetros, atracá-la, desatracá-la após o carregamento e conduzi-la no caminho de volta ao alto-mar. Para levar a mesma tonelada do Centro-Oeste a Santos, o custo rodoviário é de R$ 392 (US$ 70). Já o terminal portuário cobra cerca de R$ 40 para embarcar cada tonelada e o navio, R$ 202 (US$ 36) para fazer a entrega da mesma quantidade na China.
Na rota de escoamento pelo Rio Amazonas, para desatracar e conduzir uma embarcação por 500 quilômetros de Santarém (PA) a Macapá (AP), o custo da praticagem é de R$ 7,54 por tonelada: quatro vezes menos do que no Rio Mississipi, nos Estados Unidos, com 200 quilômetros de extensão.
Arionor citou como exemplo de uma equação malsucedida entre tentativa de economia e segurança o caso da fabricante de aeronaves Boeing. A empresa teve suspensa a licença de voo do 737 MAX, em 2019, depois que dois acidentes com o avião ocorreram em cinco meses, matando 346 pessoas.
O secretário executivo do Conapra apresentou ainda um histórico da praticagem no Brasil e no mundo, a importância do serviço para a sociedade e o modelo brasileiro de atendimento, baseado na escala única de rodízio de serviço. Ele também apontou as medidas que mantiveram o serviço plenamente disponível para a economia durante a pandemia, além das ações sociais das entidades de praticagem contra a Covid-19, que fizeram a atividade figurar entre os maiores doadores do país, com R$ 10,2 milhões.
Também estiveram presentes no Centro-Oeste Export: o presidente do Conapra, prático Ricardo Falcão; o diretor da entidade, prático João Bosco; o presidente da Praticagem de Pernambuco, prático Alexander Kreuger; o diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Francisval Mendes; o senador Wellington Fagundes (MT); entre outros.
Confira os principais investimentos da praticagem a favor do agronegócio:
- Levantamento regular das profundidades do fundo marinho;
- Modernização dos centros de operações da praticagem, que monitoram o tráfego e as condições ambientais para realização das manobras;
- Implantação do sistema de calado dinâmico, que traz mais acessibilidade aos portos e ganho de carga às embarcações, sem a necessidade de dragagem;
- Implantação do sistema de balizamento virtual, contribuindo para uma navegação mais segura e ampliando a área navegável;
- Modernização de lanchas, que permitem embarques do prático mesmo em condições mais severas de mar, agilizando as entradas e saídas dos navios nos portos;
- Aquisição de equipamentos portáteis de navegação eletrônica (PPUs), que auxiliam a decisão do prático a bordo;
- Treinamento no exterior em modelos tripulados reduzidos, que reproduzem o comportamento dos meganavios;
- Participação em simulações que antecedem a implantação de terminais e operações com novas classes de navio, melhorando os projetos e o nível de segurança;
- Estudo das marés na barra norte do Rio Amazonas, ampliando as janelas de passagem para navios mais carregados.