NAVIO DA PRATICAGEM FARÁ SONDAGEM PERMANENTE DO AMAZONAS

A Praticagem da Bacia Amazônica Oriental deu mais um pas­so para con­tri­buir no ganho de cala­do dos navi­os que trans­por­tam mer­ca­do­ri­as no Rio Amazonas. A ati­vi­da­de aca­ba de adqui­rir uma embar­ca­ção para rea­li­zar a son­da­gem per­ma­nen­te das pro­fun­di­da­des na bar­ra nor­te e ao lon­go do rio. 

Com 23 milhas náu­ti­cas, a bar­ra nor­te é um tre­cho raso e lamo­so loca­li­za­do na entra­da do Amazonas, deli­mi­tan­do, por­tan­to, o quan­to os navi­os podem aumen­tar o seu volu­me sub­mer­so (cala­do). Sua pas­sa­gem requer nave­ga­ção de extre­ma pre­ci­são dos prá­ti­cos para a embar­ca­ção não tocar o fun­do e enca­lhar. Dispor de uma atu­a­li­za­ção fide­dig­na das pro­fun­di­da­des e dos inter­va­los de maré é con­di­ção para atra­ves­sar o tre­cho com navi­os mais car­re­ga­dos em segurança. 

Como as águas ali são agi­ta­das, esco­lheu-se um cata­ma­rã, mais está­vel, para fazer o tra­ba­lho regu­lar de son­da­gem. A embar­ca­ção foi lan­ça­da ao mar e virá de Santa Catarina para ope­rar na Amazônia.

A pra­ti­ca­gem já tem uma boia de cole­ta de infor­ma­ções mete­o­ro­ló­gi­cas e oce­a­no­grá­fi­cas fun­de­a­da na bar­ra nor­te. O equi­pa­men­to inte­gra o sis­te­ma de cala­do dinâ­mi­co, que trans­mi­te, via saté­li­te, dados cole­ta­dos de pro­fun­di­da­de; dire­ção e velo­ci­da­de da cor­ren­te; dire­ção e velo­ci­da­de do ven­to; e ampli­tu­de e perío­do das ondas. Com essas infor­ma­ções, é pos­sí­vel atu­a­li­zar as pre­vi­sões divul­ga­das nas tábu­as de maré, sem as quais é arris­ca­do cru­zar o trecho. 

Os dados são com­par­ti­lha­dos com a Marinha do Brasil, res­pon­sá­vel pela segu­ran­ça da nave­ga­ção, por meio de um pro­to­co­lo de inten­ções assi­na­do com o Comando do 4º Distrito Naval.

No últi­mo domin­go (2/3), o navio PENÉLOPE I atra­ves­sou a bar­ra nor­te com 11,85m de cala­do, um recorde.

A embar­ca­ção desa­tra­cou em Santarém (PA) car­re­gan­do 60 mil tone­la­das de soja para Singapura, com 11,90 metros de cala­do. A dife­ren­ça de cin­co cen­tí­me­tros até o arco lamo­so se dá pelo con­su­mo de com­bus­tí­vel e pela den­si­da­de da água.

Os prá­ti­cos Maurício e Alvim con­du­zi­ram o gra­ne­lei­ro até Macapá (AP), onde o pri­mei­ro foi subs­ti­tuí­do pelo prá­ti­co Camillo para a con­ti­nui­da­de da via­gem, de acor­do com a esca­la pro­fis­si­o­nal. A menor fol­ga de água abai­xo da qui­lha do navio foi de 0,90 metro. Todos os regis­tros foram acom­pa­nha­dos pelo repre­sen­tan­te da Autoridade Marítima a bordo.

O recor­de foi atin­gi­do den­tro da bate­ria de tes­tes em anda­men­to esta­be­le­ci­da pela Marinha, res­tan­do mais qua­tro pas­sa­gens com 11,85 metros e outras cin­co com 11,90 metros.

– O suces­so de mais uma emprei­ta­da agre­ga com­pe­ti­ti­vi­da­de para o esco­a­men­to de car­ga pelo cha­ma­do Arco Norte, na medi­da em que é cada vez mais redu­zi­do o volu­me oci­o­so dos navi­os, conhe­ci­do como fre­te mor­to – res­sal­ta o pre­si­den­te da Cooperativa de Apoio e Logística aos Práticos da Zona de Praticagem 1 (Unipilot), prá­ti­co Adonis dos Santos.

A pra­ti­ca­gem vem apro­fun­dan­do os estu­dos na área des­de 2017, quan­do ins­ta­lou um maré­gra­fo no Canal Grande do Curuá, outro gran­de desa­fio para a nave­ga­ção. A son­da­gem das pro­fun­di­da­des do rio é com­ple­men­tar à aná­li­se das marés e essen­ci­al em razão de ban­cos de areia que se movi­men­tam cons­tan­te­men­te sob as águas, alte­ran­do os canais de navegação.

No iní­cio do pro­je­to, o cala­do máxi­mo per­mi­ti­do era de 11,50 metros. Se auto­ri­za­dos os 11,90 metros em tes­te, o ganho de car­ga por navio da clas­se Panamax será de cer­ca de US$ 1,5 milhão.