Náufragos são salvos pela Praticagem

A ope­ra­ção de sal­va­men­to de náu­fra­gos pela Praticagem do Amapá reper­cu­tiu de for­ma posi­ti­va em diver­sos veí­cu­los de comu­ni­ca­ção, inclu­si­ve na TV. Por vol­ta das 21 horas do dia três de novem­bro últi­mo, os tri­pu­lan­tes da embar­ca­ção Cristiam Rodrigues, que enfren­ta­vam séri­as difi­cul­da­des no mar, com ris­co imi­nen­te de nau­frá­gio, efe­tu­a­ram cha­ma­da de socor­ro pelo rádio. A lan­cha Bap Caviana da Praticagem foi auto­ri­za­da pelos prá­ti­cos Eliel Andrade e Victor Koltunik França, a des­vi­ar sua rota para pres­tar auxí­lio à embar­ca­ção em sinis­tro. Os mari­nhei­ros da lan­cha da PRATICAGEM, Benedito Moraes Cavalheiro e Rivaldo Cortes Correa, com mui­ta habi­li­da­de, con­se­gui­ram socor­rer os três tri­pu­lan­tes da embar­ca­ção, Adimilson de Lima Barbosa, Benedito de Lima Barbosa e Ronivaldo Gama Pinto.

A ati­tu­de dos prá­ti­cos mos­tra que, mais uma vez, a Praticagem demons­trou o espí­ri­to públi­co dos seus pro­fis­si­o­nais e o com­pro­mis­so assu­mi­do na sal­va­guar­da da vida huma­na. Abaixo entre­vis­ta fei­ta com o prá­ti­co Eliel Andrade, um dos res­pon­sá­veis pela ope­ra­ção que sal­vou a vida dos tri­pu­lan­tes da embar­ca­ção Cristian Rodrigues:

Imprensa Conapra: Como teve iní­cio o pro­ces­so de sal­va­men­to dos náufragos?

Eliel Andrade: Eu e o Vitor França está­va­mos no final de uma via­gem pres­tes desem­bar­car do navio. A lan­cha da pra­ti­ca­gem já esta­va vin­do em dire­ção ao navio para que ocor­res­se o nos­so desem­bar­que, quan­do pelo rádio, no canal 16, ouvi­mos o pedi­do de socor­ro da embar­ca­ção que esta­va nau­fra­gan­do. Nós sabía­mos mais ou menos onde eles esta­vam e sabía­mos que a lan­cha iria pas­sar per­to do local. Imediatamente deter­mi­na­mos à lan­cha que fos­se dire­ta­men­te socor­rê-los ao invés de irem nos buscar.

Imprensa Conapra: Como se deu o salvamento?

Andrade: Quem fez todo o res­ga­te foram os mari­nhei­ros da lan­cha. Localizar a embar­ca­ção foi o pri­mei­ro desa­fio, mas com a aju­da do radar e holo­fo­tes eles con­se­gui­ram loca­li­zar rapi­da­men­te a embar­ca­ção. Outra embar­ca­ção nas mes­mas cir­cuns­tân­ci­as pro­va­vel­men­te não teria con­se­gui­do fazer o res­ga­te com êxi­to. Valeu a expe­ri­ên­cia e habi­li­da­de dos marinheiros.

Imprensa Conapra: A área do nau­frá­gio era de fácil acesso?

Andrade: A lan­cha teve mui­ta difi­cul­da­de de che­gar per­to dos náu­fra­gos devi­do à resis­tên­cia de ondas de 1 metro de altu­ra em uma região com pedras e ban­cos de areia. A embar­ca­ção era peque­na, padrão de embar­ca­ções de ribei­ri­nhos que se vê mui­to naque­la região. Acredito que se a lan­cha da Praticagem não esti­ves­se lá naque­le momen­to, os tri­pu­lan­tes não teri­am se sal­va­do. Se tives­se ocor­ri­do um atra­so de 30 a 40 minu­tos eles teri­am sido arras­ta­dos pela cor­ren­te­za. A velo­ci­da­de da lan­cha da pra­ti­ca­gem e o com­pro­mis­so de sal­va­guar­da da vida huma­na sal­va­ram aque­la tripulação.

Imprensa Conapra: De tem­pos em tem­pos a gen­te acom­pa­nha notí­ci­as que dão con­ta de pes­so­as sal­vas pela pra­ti­ca­gem. Essa tam­bém é uma atri­bui­ção dos práticos?

Andrade: A cul­tu­ra da pra­ti­ca­gem é aju­dar é socor­rer as pes­so­as em situ­a­ção de difi­cul­da­de no mar, quan­do soli­ci­ta­da. Não e obri­ga­ção legal, mas está entre os prin­cí­pi­os da pra­ti­ca­gem sal­va­guar­dar a vida huma­na. Proteger a vida huma­na, o meio ambi­en­te e a segu­ran­ça da embar­ca­ção. São três pila­res e faze­mos sem­pre o pos­sí­vel para ser fieis a eles. É uma cons­tan­te os res­ga­tes em que a pra­ti­ca­gem esta sem­pre de pron­ti­dão para aju­dar, no míni­mo um caso por mês. Estamos sem­pre de pron­ti­dão, sem nenhu­ma aju­da e remu­ne­ra­ção do poder publico.

Imprensa Conapra: depois de uma ope­ra­ção des­sa natu­re­za como vocês se sentem?

Andrade: É gra­ti­fi­can­te, é mais gra­ti­fi­can­te que levar um navio em segu­ran­ça. Não tem como des­cre­ver o pra­zer em sal­var uma vida huma­na. Você con­tri­buir para a soci­e­da­de, você aju­dar uma pes­soa que esta pres­tes a ser arras­ta­da pela cor­ren­te­za do rio Amazonas, fazen­do uma inter­ven­ção ate meio que cirúr­gi­ca para sal­var essa vida é mui­to gra­ti­fi­can­te. Você esta de fato con­tri­buin­do de for­ma incom­pa­rá­vel para a vida de uma pes­soa. Eram três homens que esta­vam via­jan­do para uma via­gem a tra­ba­lho. Três ami­gos, os quais con­se­gui­mos pre­ser­var a vida.