O Pará tem voca­ção marí­ti­ma e um gran­de poten­ci­al de logís­ti­ca pelas águas, mas é pou­co explo­ra­do com os pou­cos inves­ti­men­tos em infra­es­tru­tu­ra. Além dis­so, com o avan­ço tec­no­ló­gi­co em outros locais, o esta­do cor­re o ris­co de per­der o poten­ci­al do Porto de Vila do Conde, em Barcarena. Esses e outros temas sobre nave­ga­ção na Região Norte foram abor­da­dos duran­te o Fórum de Discussões Hidroviárias, Portuárias e Logísticas: Perspectivas e Soluções, rea­li­za­do no dia 25 de agos­to, na Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), em Belém. Cerca de 240 pes­so­as, entre aca­dê­mi­cos, repre­sen­tan­tes de empre­sas e ins­ti­tui­ções do seg­men­to aqua­viá­rio, compareceram.

O even­to pro­mo­vi­do pelo Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), em par­ce­ria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), con­tou com a par­ti­ci­pa­ção de cin­co pales­tran­tes com amplo conhe­ci­men­to. O dire­tor-pre­si­den­te do Conapra, o prá­ti­co Gustavo Martins, tra­çou um pano­ra­ma da pra­ti­ca­gem no Brasil e na Região Norte, onde mais de 200 prá­ti­cos garan­tem a segu­ran­ça e a efi­ci­ên­cia da nave­ga­ção em três zonas de praticagem.

– Temos desa­fi­os em cam­pos dife­ren­tes. Na área tec­no­ló­gi­ca, por exem­plo, os navi­os estão cres­cen­do, mas os por­tos, não. Precisamos de mais inves­ti­men­tos no setor portuário.

Gustavo Martins falou tam­bém sobre a pro­fis­são de prá­ti­co, lem­bran­do que “esse é o momen­to em que o jovem pre­ci­sa enten­der a impor­tân­cia da pra­ti­ca­gem e como fun­ci­o­na a atividade”.

O dou­tor Hito Braga de Moraes, coor­de­na­dor do Programa de Pós-Graduação de Engenharia Naval da UFPA, abor­dou “Alternativas por­tuá­ri­as para o Estado do Pará”.

– O Pará tem uma das mai­o­res via­bi­li­da­des logís­ti­cas do mun­do, mas pode per­der para outras regiões do Brasil e do exte­ri­or. Agora, que estão cons­truin­do navi­os de gran­de por­te de 23 metros, é neces­sá­rio que um por­to tenha um cala­do de 15 metros. E o nos­so por­to de Vila do Conde tem 13,3 metros, ou seja, fica­rá de fora da logís­ti­ca inter­na­ci­o­nal – aler­tou o pro­fes­sor, apre­sen­tan­do como alter­na­ti­vas a dra­ga­gem do aces­so ao por­to em Barcarena, para aumen­tar a pro­fun­di­da­de, e ain­da a via­bi­li­za­ção de um por­to offsho­re no muni­cí­pio de Vigia.

Já o dou­tor Flávio Acatauassú Nunes, do Movimento Pró-Logística do Pará, fez pales­tra sobre os entra­ves e as solu­ções para a logís­ti­ca de car­gas na Amazônia:

– Com infra­es­tru­tu­ra por­tuá­ria, pode­ría­mos desa­fo­gar 80% das estra­das do Pará.

Marcos Dias, coor­de­na­dor de enge­nha­ria do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), expli­cou sobre como os rios podem ser faci­li­ta­do­res para a logís­ti­ca da região.

O capi­tão de Mar e Guerra José Alexandre Santiago da Silva, coman­dan­te da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, por sua vez, falou sobre a atu­a­ção da Marinha. Ele res­sal­tou que uma das prin­ci­pais difi­cul­da­des enfren­ta­das é a cha­ma­da “cul­tu­ra de ris­co”, citan­do a tra­di­ção de ribei­ri­nhos e pes­ca­do­res de faze­rem lon­gas tra­ves­si­as em cano­as e cas­cos sem qual­quer equi­pa­men­to de pro­te­ção, além de super­lo­ta­rem as embar­ca­ções car­re­gan­do toda a famí­lia e pro­du­tos agrícolas.

O Fórum de Discussões Hidroviárias, Portuárias e Logísticas: Perspectivas e Soluções foi trans­mi­ti­do ao vivo no Facebook, na pági­na do Conapra, o que pos­si­bi­li­tou a dis­se­mi­na­ção do conhe­ci­men­to para téc­ni­cos e pro­fis­si­o­nais da área em todo o país.