Brasil vai sentir falta de investimentos portuários se economia crescer

Alerta é de estudiosos do setor que se reuniram em seminário na USP

O Brasil só não sen­te mais for­te­men­te os efei­tos da fal­ta de inves­ti­men­tos no setor por­tuá­rio por­que a eco­no­mia não está cres­cen­do. A ava­li­a­ção é comum a espe­ci­a­lis­tas da área que se reu­ni­ram por dois dias na USP para um semi­ná­rio sobre a implan­ta­ção de pro­je­tos de aces­sos náu­ti­cos após nova nor­ma da ABNT.

– Os nos­sos por­tos não estão pre­pa­ra­dos – afir­mou o pro­fes­sor Edson Mesquita, do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga) da Marinha.

O dire­tor-pre­si­den­te do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), o prá­ti­co Gustavo Martins, lem­brou dos desa­fi­os do seg­men­to no país, como a pre­vi­são do dobro de deman­da de movi­men­ta­ção de car­gas, o aumen­to da dimen­são dos navi­os e a urgên­cia de melho­ri­as de infra­es­tru­tu­ra como dra­ga­gens, até ago­ra com resul­ta­dos abai­xo do necessário.

– Precisamos expor­tar mui­to e que nos­sos por­tos e vias este­jam pron­tos para essa deman­da do agro­ne­gó­cio, da mine­ra­ção e da indús­tria do petró­leo. Temos que nos pre­pa­rar para os desa­fi­os e isso leva tem­po. O que for pla­ne­ja­do ago­ra vai defi­nir a res­tri­ção ope­ra­ci­o­nal futu­ra. Por isso, a impor­tân­cia do pla­ne­ja­men­to por­tuá­rio. A car­ga vai sem­pre para o por­to mais efi­ci­en­te, ágil, com­pe­ti­ti­vo; logo, neces­si­ta­mos dos melho­res projetos.

Gustavo Martins res­sal­tou ain­da que é impor­tan­te pla­ne­jar o trá­fe­go das embar­ca­ções, por­que não bas­ta cons­truir novos ter­mi­nais e dra­gar os canais se os aces­sos con­ti­nu­a­rão os mesmos.

– O ber­ço de atra­ca­ção deve espe­rar o navio e não o navio espe­rar o ber­ço para atracar.

O coman­dan­te Plinio Calenzo, do Instituto Brasileiro de Rebocagem, citou os rebo­ca­do­res como outra defa­sa­gem bra­si­lei­ra devi­do ao aumen­to dos navi­os, que cres­ce­ram de 500 a 800 TEUS (medi­da de volu­me de um con­têi­ne­ro) em 1956 para 12.500 TEUS em 2014.

– Os rebo­ca­do­res bra­si­lei­ros em ope­ra­ção não foram pro­je­ta­dos para dar con­ta do tama­nho dos navi­os de hoje, eles per­dem a esta­bi­li­da­de, não são do tipo espe­ci­al, que ser­vem para gover­na­bi­li­da­de em canais estrei­tos onde os navi­os come­ça­ram a per­der capa­ci­da­de de mano­bra. Os prá­ti­cos têm fei­to mágica.

O prá­ti­co de Santos, Bruno Roquete Tavares, tam­bém apre­sen­tou dados sobre o cres­ci­men­to dos con­têi­ne­ros, além dos esfor­ços de trei­na­men­to da pra­ti­ca­gem para lidar com a mano­bra des­sas embarcações.

– Temos uma mes­ma estru­tu­ra físi­ca no por­to, sem limi­tes de ampli­a­ção para rece­ber navi­os mai­o­res. E hou­ve um cres­ci­men­to rápi­do deles em lar­gu­ra tam­bém, o que é com­pli­ca­do em canais estreitos.

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