Bosco: “Otimização portuária deve conciliar segurança”
Os gargalos que precisam ser enfrentados para atender ao aumento no volume da produção do agronegócio foram discutidos no segundo dia do Sul Export, em Curitiba. A edição regional do Fórum Nacional de Logística e Infraestrutura Portuária (Brasil Export) contou com o apoio da Praticagem do Brasil.
O prático João Bosco, diretor do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra) e conselheiro do Sul Export, mais uma vez chamou atenção para a importância da segurança da navegação, que deve estar sempre presente nos debates sobre infraestrutura portuária:
– A capacidade de carga das embarcações tem que ser alinhada com o calado com que podem navegar em segurança. Não adianta só pensar em navios de maior porte e economia de escala.
O diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Luiz Fernando Garcia da Silva, ressaltou que, para entregar a carga com eficiência, é necessário focar não somente em custo, mas também na qualidade das operações e no atendimento ao usuário do porto:
– Temos que estar preparados e nos antecipar para atender ao volume de cargas que o campo conquistou.
Giovanni Ferreira, conselheiro do Sul Export e dos Portos do Paraná, lembrou que este ano o país deve bater recorde de exportação de soja:
– Já exportamos 80 milhões de toneladas até setembro. Esse novo patamar da produção do agronegócio vai exigir uma infraestrutura diferenciada nos portos.
A interferência do Estado na iniciativa privada é outro ponto que preocupa os especialistas para o futuro.
– Vamos deixar que as mais diversas cargas se autorregulem. Dessa forma, com certeza, iremos nos desenvolver – disse Rodrigo Buffara, gerente do terminal portuário da Cotriguaçu, em Paranaguá.
Cleiton Vargas, vice-presidente de Vendas e Marketing da Yara Brasil, empresa de fertilizantes, seguiu na mesma linha:
– Regulamento de preço e tabelamento é modelo da Venezuela. Não tem que tabelar preço de nada.
No dia anterior, o presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Jesualdo Silva, já havia defendido liberdade de preço e intervenção regulatória mínima do Estado na atividade econômica.
Os desafios para desestatização nos portos foram outro tema debatido. Novas formas de concessão estão sendo analisadas pelo governo federal, afirmou Daniel Aldigueri, coordenador-geral de Modelagem de Concessões e Desestatizações da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura. Ele informou que a pasta estuda o melhor modelo a ser adotado sem que se abra mão de estratégia logística e fiscalização.
A necessidade de mais investimentos na malha ferroviária também foi sinalizada pelos participantes. O Sul Export foi concluído com a leitura da carta de compromissos elaborada com base nas discussões promovidas durante o evento. Os próximos fóruns regionais serão o Sudeste Export (19 e 20 de outubro), em São Paulo (SP), com Hermes Bastos Filho, da Praticagem de São Paulo, no Comitê Orientador; o Nordeste Export (26 e 27 de outubro), em Recife (PE); e o Centro-Oeste Export (9 e 10 de novembro), em Rondonópolis (MT). Os eventos têm transmissão gratuita.