ARTIGO: TRÊS ANOS DO INSTITUTO PRATICAGEM DO BRASIL

No dia 14 de dezem­bro, o Instituto Praticagem do Brasil, em Brasília, com­ple­ta três anos. Pouco tem­po, é ver­da­de, mas mui­to foi fei­to em qua­se 36 meses. Estamos per­fei­ta­men­te ali­nha­dos com a mis­são de ser mui­to mais do que um cen­tro de trei­na­men­to para prá­ti­cos e ope­ra­do­res de pra­ti­ca­gem. Como o lei­tor verá a seguir, esta­mos aber­tos para a soci­e­da­de, com o obje­ti­vo de gerar conhe­ci­men­to, deba­tes e con­tri­buir para a melho­ria da infra­es­tru­tu­ra aqua­viá­ria e por­tuá­ria no país.

Em ter­mos de apa­re­lha­men­to, come­ça­mos com a inau­gu­ra­ção do nos­so pri­mei­ro simu­la­dor full mis­si­on, em con­jun­to com o Tanque de Provas Numérico da Universidade de São Paulo (TPN-USP), refe­rên­cia inter­na­ci­o­nal no assun­to. Em setem­bro de 2023, implan­ta­mos o segun­do simu­la­dor do tipo, des­sa vez com a Technomar Engenharia, que pos­sui o DNA USP. Ambos con­tem­plam o esta­do da arte em simu­la­ções. Neles, somos capa­zes de ava­li­ar a efi­ci­ên­cia e segu­ran­ça de pro­je­tos como novos ter­mi­nais e ope­ra­ções por­tuá­ri­as, que pre­ci­sam ser simu­la­dos com a par­ti­ci­pa­ção de prá­ti­cos, con­for­me pre­co­ni­zam as boas prá­ti­cas internacionais.

Além dos simu­la­do­res full mis­si­on, o nos­so cen­tro con­ta com simu­la­do­res para trei­na­men­to em nave­ga­ção ele­trô­ni­ca (Radar e ECDIS), pra­ça de máqui­nas e VTS (Serviço de Tráfego de Embarcações). Os três são par­ce­ria com a Wärtsilä, expo­en­te glo­bal em ino­va­ção tec­no­ló­gi­ca na indús­tria marítima.

Nossas ins­ta­la­ções já rece­be­ram qua­tro tur­mas do Curso de Atualização para Práticos, o ATPR, obri­ga­tó­rio para cada pro­fis­si­o­nal a cada cin­co anos. Assim, o Instituto se tor­na mais uma opção para rea­li­zar a par­te pre­sen­ci­al do pro­gra­ma, além das uni­da­des da Marinha no Rio de Janeiro (Ciaga) e em Belém (Ciaba). O cur­so bra­si­lei­ro foi pio­nei­ro no mun­do e é mode­lo internacional.

Profissionais de dife­ren­tes zonas de pra­ti­ca­gem tam­bém têm uti­li­za­do nos­sos simu­la­do­res para outros tipos de trei­na­men­to e fami­li­a­ri­za­ção com pro­je­tos pre­vis­tos nos portos.

Ainda na par­te de qua­li­fi­ca­ção, for­ma­mos sete tur­mas do Curso para Operadores de Atalaia, as esta­ções de pra­ti­ca­gem, cora­ção do ser­vi­ço. O pro­gra­ma é vol­ta­do aos cola­bo­ra­do­res que ofe­re­cem supor­te ao tra­ba­lho do prá­ti­co a bor­do com infor­ma­ções sobre trá­fe­go e con­di­ções ambi­en­tais, por exem­plo. Nos simu­la­do­res, eles conhe­cem mais os equi­pa­men­tos de nave­ga­ção e os desa­fi­os do prá­ti­co no passadiço.

Sendo o Instituto tam­bém um cen­tro de pes­qui­sa e ino­va­ção, visan­do ao apri­mo­ra­men­to da ati­vi­da­de, assi­na­mos um con­vê­nio téc­ni­co com a Navigandi, que nos per­mi­te avan­ços tec­no­ló­gi­cos e de trei­na­men­to, espe­ci­al­men­te no uso dos por­ta­ble pilot units (PPUs). Esses equi­pa­men­tos por­tá­teis nos auxi­li­am nas mano­bras mais com­ple­xas, for­ne­cen­do dados mais pre­ci­sos do que os sis­te­mas de bor­do, como a res­pei­to da movi­men­ta­ção da embarcação.

A par­ce­ria que fir­ma­mos com o Senai Cimatec da Bahia, por sua vez, foi com o intui­to de desen­vol­ver um cole­te sal­va-vidas apro­pri­a­do à pra­ti­ca­gem, ine­xis­ten­te no mer­ca­do. Estamos na fase final do pro­tó­ti­po des­se equi­pa­men­to vital para o prá­ti­co em caso de que­da no embar­que e desembarque.

Mas, não esta­mos à par­te da comu­ni­da­de marí­ti­ma e por­tuá­ria. Em par­ce­ria com a Technomar, rea­li­za­mos simu­la­ções para atra­ca­ção em ter­mi­nais e qua­dro de boi­as, com empre­sas como Planave, Super Terminais e Solido Engenharia, todas com auto­ri­da­des marí­ti­ma e por­tuá­ria pre­sen­tes. Além dis­so, tive­mos um pro­je­to de estu­do sobre mano­bra­bi­li­da­de e nave­ga­bi­li­da­de de navi­os nos aces­sos ao Porto de Cabedelo (PB).

Cedemos nos­so espa­ço para even­tos impor­tan­tes como o Seminário Porto Sem Papel, pro­mo­vi­do pela Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários. E, regu­lar­men­te, rece­be­mos visi­tas ins­ti­tu­ci­o­nais a fim de apre­sen­tar a ati­vi­da­de, nos­sas ins­ta­la­ções, capa­ci­da­des e pos­si­bi­li­da­des de siner­gia. Como exem­plo, pas­sa­ram pelo Instituto diver­sos repre­sen­tan­tes das auto­ri­da­des marí­ti­ma e por­tuá­ri­as, do Ministério de Portos e Aeroportos, da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), do Mercosul, Congresso Nacional e até de enti­da­des estran­gei­ras como a Fundação Valenciaport, liga­da à Autoridade Portuária de Valência (Espanha).

Por fim, recen­te­men­te, abri­mos nos­sas por­tas para cur­sos exter­nos, não ape­nas abri­gan­do alu­nos mas ela­bo­ran­do pro­gra­mas, como o Curso de Gerenciamento de Recursos da Praça de Máquinas (IMO Model Course 7.17), desen­vol­vi­do para 15 tur­mas da Technip, empre­sa do mer­ca­do offshore. 

Para isso, nos­so geren­te-geral, Jeferson Carvalho, se qua­li­fi­cou pre­vi­a­men­te, no Chile, em três cur­sos mode­los da Organização Marítima Internacional (IMO) com foco em for­ma­ção de ins­tru­to­res, uso de simu­la­do­res como meio de qua­li­fi­ca­ção e trei­na­men­to e ava­li­a­ção de marí­ti­mos. Não pos­so dei­xar de citar tam­bém a atu­a­ção da nos­sa dire­to­ra-exe­cu­ti­va, Jacqueline Wendpap, fun­da­men­tal nas nos­sas ati­vi­da­des, imple­men­tan­do uma agen­da e atrain­do as vozes mais rele­van­tes para ficar a par do nos­so trabalho. 

Que venham novos desa­fi­os na capi­tal. Continuaremos inves­tin­do para aju­dar o Brasil a avançar.

Bruno Fonseca é pre­si­den­te da Praticagem do Brasil e do Conselho de Administração do Instituto. Artigo publi­ca­do no BE News